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Reportagens

Sobre Minha Melhor Amiga – filmagens

A construção de uma amiga

Por Luiz Joaquim | 04.04.2012 (quarta-feira)

No Recife, as filmagens cinematográficas acontecem habitualmente de forma discreta. O resultado, ao contrário, quando apresentado geralmente é barulhento, nada discreto. A produção do filme “Sobre Minha Melhor Amiga” concluiu ontem as filmagens, primeiro momento deste processo. O trabalho é o primeiro curta-metragem dirigido por Luiz Otávio Pereira e produzido pela Orquestra Cinema Estúdios.

Rodado impressionantemente rápido (agenda de sete dias), a obra saiu do papel a partir do prêmio do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura), edital 2010/2011. “O roteiro surgiu em 2006. De lá até hoje vinha elaborando cada vez mais sua estrutura e só parei dias antes das filmagens”, recorda Luiz Otávio, conhecido pela colaboração no roteiro de curtas-metragens como “Uma Vida e Outra”, “Não me Deixe em Casa” e do longa inédito “Boa Sorte, meu Amor” (todos de Daniel Aragão), além do também inédito “Todas as Cores da Noite”, de Pedro Severien.

Em um apertado orçamento de R$ 74 mil – que ainda vai abarcar a pós-produção do filme – as filmagens de “Sobre Minha Melhor Amiga” (como muitas outras produções locais), só conseguiu se concretizar pela camaradagem dos amigos de Luiz Otávio. Manoela Torres, assinando a produção executiva e direção de produção, conta que a economia precisava acontecer em algum lugar e a principal foi nas locações. Quase todas funcionaram em apartamentos de amigos, como nos de Chico Lacerda (na Boa Vista), de Cláudio Assis (bairro de Santo Antônio) e de Daniel Aragão. O de Daniel servindo na verdade como base para a produção, que rodou cenas também no Hospital Agamenon Magalhães, no bairro da Tamarineira.

Foi de Aragão também a câmera alugada – uma Red One Mx – “pilotada” pelo fotógrafo Pedro Soter. Luiz Otávio conta que as conversas com Pedrinho (como é conhecido na área) sobre a orientação estética escolhida para as imagens da obra optaram por enquadramentos clássicos. Pedro complementa: “A decupagem é clássica, o visual naturalista e, como em todos os trabalhos que fotografo, a arquitetura tem uma importância grande. Filmo o ambiente de forma que colabore na apresentação dos personagens. E, neste filme que enquadramos no formato 1,85:1, a cena começa no espaço para depois se dedicar aos atores, pois é um filme muito dos atores”, explica.

Sobre o enredo, Luiz Otávio explica que trata de uma tentativa de traduzir a primeira experiência de perda pela qual passa a menina Antônia (vivida pela linda Beatriz Krebs, ou apenas Bia, de 8 anos). Antônia é órfã de mãe e vive com o pai (o ator Luciano Pontes, estreando no cinema), que faz um esforço para se entender com a filha esperta, com quem ele não sabe lidar muito bem. “Tem sido uma experiência muito boa contracenar com ela, que também vivencia esse processo com o cinema pela primeira vez”, diz Luciano.

Bia é a mais disposta no set de filmagens. Manoela Torres lembra que no final das gravações, no último domingo, com todos já exaustos, o comentário de Bia foi: “Mas já acabou?”. Sobre a intensa vivência com a equipe, a menina de olhos vivos e curiosos, cujo filme preferido foi “Alice no País das Maravilhas”, diz que tudo é divertido. Para a pergunta se Antônia era muito diferente de Bia, ela responda que ‘”não muito. Mas ela não gosta da cor rosa. Minha cor preferida é lilás, ou roxo, mas depois eu gosto muito de rosa”, explicou séria.

A equipe, que tem deixado Bia tão à vontade, lembra Manoela, é composta por Guga Rocha (som), Iomana Rocha (direção de arte), Ana Cecília Drumond (figurino) e Will Araújo (maquiagem). “É o grupo com o qual quis trabalhar. Estou muito a vontade”, diz Luiz Otávio, que já deu início, ontem, a edição das imagens pelas mãos de Pedro Severien. Viajo próximo dia 15 e antes disso já quero ter um primeiro corte do filme. “A intenção é ter tudo pronto até julho e tentar ter acesso aos festivais neste segundo semestre”, concluiu.

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