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Críticas

Titanic 3D

O retorno de um gigante

Por Luiz Joaquim | 13.04.2012 (sexta-feira)

Esqueça toda a balela a respeito do 3D. Na principal estreia da semana nos multiplex,– Titanic, (EUA, 1997), de James Cameron – não dê atenção no cartaz do filme que estampa o produção agora como uma versão em 3D. O filme é o mesmo e os efeitos adaptados de tridimencionalidade são aqui minimamente perceptíveis. O que deve lhe guiar na decisão de ir ao cinema é, portanto neste caso, o fato de poder voltar a deleitar-se numa tela grande com este clássico contemporâneo. Obra que, 14 anos depois de seu lançamento no Brasil, retorna como uma carga valiosa do ponto de vista da histórica da estética e da indústria cinematográfica.

Quando lançado nos EUA, há 15 anos, “Titanic”, iniciou uma carreira fenomenal, e sem precedentes. Tornou-se febre no mundo inteiro, alçando o ator Leonardo DiCaprio – então com 23 anos – ao status de estrela universal (ídolo das adolescentes). Gerou a maior renda de Hollywood apenas pela bilheteria (foi o primeiro a ultrapassar o valor de 1 bilhão de dólares; 1,84 bilhão precisamente, recorde batido apenas por “Avatar”, com 2,78 bilhões, do mesmo diretor), e arrebatou 11 Oscars, incluindo o de melhor direção para Cameron, que se auto-intitulou o “Rei do Mundo” na cerimônia de 1998.

Feitos históricos à parte, rever “Titanic” hoje, ano do centenário do naufrágio do transatlântico mais famoso do mundo, reforça sua grandiosidade como feito fílmico, uma vez que, podemos dizer, a obra é o derradeiro épico realizado em Hollywood por uma estrutura que não vemos mais.

À época das filmagens, correu o mundo notícias sobre os constantes estouros de orçamento, tornando-o o filme mais caro de todos os tempos, até então. Justifica-se: num tempo em que os efeitos digitais CGI eram limitados e Cameron fazia questão do realismo, o cineasta coordenou a montagem de várias maquetes do navio e também um cenário colossal, com numa piscina gigantesca, onde atores de carne e osso interagiam num cenário físico, real.

14 anos apos nossos olhos estarem esbugalhados de paisagens falsas no cinema, criadas por computadores (lembrando o cenário de um videogame de alta resolução), reencontrar “Titanic” é reencontrar o cinema na sua essencial de convencimento a partir de uma reinvenção do real, do concreto, e não da virtualização do real.

Não é à toa que as imagens da catástrofe no filme impressionam e fazem o olho arregalar até hoje. Com centenas de figurantes reais escorregando pelo convés real do cenário, não há como não nos envolvermos de forma mais veemente com a urgência e desespero da situação.

Do ponto de vista da linguagem, “Titanic” mantém ainda hoje seu vigor graças a opção pelo enredo e estética clássica. No roteiro, antes da catástrofe que mataria 1.500 pessoas, Cameron personaliza o sofrimento da morte posicionando o espectador colado ao nascimento do amor impossível, que surge no cruzeiro, entre um pobre norte-americano Jack (DiCaprio) e a jovem Rose (Kate Winslet, linda aos 22 anos) da burguesia britânica.

E, as mais de três horas de duração de projeção não pesam por mérito também do cineasta, que conseguiu transitar com fluidez por três gêneros num mesmo filme. Começa com a atmosfera de um ficção científica, com a sonda aquática que busca o navio no fundo do mar; depois engata o romance do jovem casal para terminar com a violência grandiloqüente da catástrofe.

Como diria a personagem Molly, uma nova rica interpretada por Kath Bates no filme, “está aí um filme que não se vê todo dia no cinema”.

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