16º Cine-PE (2012) – noite 5
Sexualidade e infância em cena
Por Luiz Joaquim | 02.05.2012 (quarta-feira)
Uma observação sobre a quinta noite, na segunda-feira, do 16° Cine-PE: Festival do Audiovisual: o auditório estava lotado e vibrante durante a exibição dos curtas-metragens, mas não se sustentou para a projeção do longa de Eduardo Goldenstein, “Corda Bamba: História de Uma Menina Equilibrista”. Sendo aquela a primeira exibição pública da produção de Goldenstein, ela iniciou com metade do público que havia interagido fortemente com as obras da sessão anterior.
A composição da programação do dia foi dividida, pode-se dizer em dois temas. Os dois primeiros curtas, o inédito “Garotas da Moda”, da pernambucana Tuca Siqueira, e o paulista “Na Sua Companhia”, de Marcelo Caetano, passearam pelo universo homossexual, sendo o primeiro uma observação inspirada e respeitosa sobre o grupo de travestis “Fashion Girls” em Goiana, Zona da Mata do Estado, que se apresenta inspiradas nos números das cantora Beyoncé, Madonna e Spice Girls.
Já em “Na Sua Companhia”, Caetano consegue trafegar com naturalidade por um cenário de afetos que desconstrói preconceitos, desvelando questões essencialmente humanas em seus personagens.
O segundo tema da noite apontava para o universo infantil. Assim, o terceiro curta da noite, “L”, de Thais Fujinaga, também de São Paulo, arrancou urros de adesão da platéia com a história da menina Teté (Sofia Ferreira) que tinha vergonha de seu corpo em transformação, até que conhece Héctor (Luís Mai King), descendente de chineses, também humilhado pela seu cabelo. Ambos descobrem a própria força quando se unem pela amizade.
“L” é completo em todos os sentidos. Seja pela discurso sóbrio e com timing perfeito no desenvolvimento narrativo, seja na propriedade técnica e estética. É some-se a tudo isso um poder cativante impressionante. Foi eleito o melhor curta no Festival de Brasília 2011 e eleito pelo júri popular na Mostra de Tiradentes 2012. Deve sair vencedor em alguma categoria por aqui também.
O foco de “Corda Bamba” também é o universo infantil, e segue a menina Maria (Bia Golndestein, filha do diretor) quando é obrigada a deixar o circo onde vivia e levada a morar no apartamento da avó. Atravessando de uma janela a outra do prédio por uma corda bamba, a menina entra por um corredor de muitas portas que irão abrir sua memória para curá-la de um trauma.
Apesar da proposta em “Corda Bamba” surgir como uma alternativa diferente de oferta no cinema brasileiro para o público infantil, o enredo soa mais curto do que seria necessário, de pouco fôlego, para satisfazer a proporção de um longa-metragem.
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