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Críticas

MIB 3: Homens de Preto 3

MIB 3 mostra seu lado dramático

Por Luiz Joaquim | 25.05.2012 (sexta-feira)

O megamilionário filme do entretenimento da semana chama-se “MIB3: Homens de Preto 3” (Men In Black 3, EUA, 2011), dirigido pelo mesmo Barry Sonnenfeld dos dois filmes anteriores. Curioso aqui é o período de uma década entre a realização do título anterior e este atual, que chega embalado pela onda tridimensional para filmes caros de Hollywood.

Os efeitos 3D, aqui pobres, não chamam tanto a atenção quanto chama a mudança que se deu ao perfil da franquia. Diferentes do MIB (1997) e MIB 2 (2002), os vilões alienígenas agora não são o que mais importa no enredo, mas sim a relação de afeto e familiar entre o Agente J (Will Smith) e o Agente K (Tommy Lee Jones, velhinho).

É claro que os vilões de outros planetas ainda são a mola propulsora para a história caminhar. Afinal, para quem não lembra (ou apenas não sabe), os Homens de Preto do título são os agentes secretos do governo americano para encobrir os problemas causados pelos alienígenas que vivem disfarçados na Terra.

Aqui o vilão da vez aparece na pele de Boris, O Animal (Jemaine Clement, se divertindo). Ele foi preso por K ainda no início de sua carreira, em 1969, e aprisionado numa base da agência especial, na lua.

43 anos depois, Boris consegue escapar e volta a Terra para se vingar de K e arquitetar uma invasão alienígena que irá, adivinhem o que… destruir o planeta. Para evitar a catástrofe, J volta no tempo, para 1969, e remexe na história para que o mundo não acabe realmente em 2012.

É aí que MIB3 começa a ganhar graça pelo seu roteiro espirituoso, escrito a quatro mãos e encabeçado por Etan Cohen (não confundir com Ethan Coen, um dos Irmãos Coen). Afinal, é sempre sedutor voltar ao passado e repensá-lo com humor e pelo cinema.

Apesar de MIB3 ser todo levado num tom muito específico para ser compreensível por crianças ali pelos dez anos de idade, sobra um pouco de espaço para boas piadas adultas, com personalidades da época, como, por exemplo, Andy Warhol (1928-1987), ou com a condição racista da América naquela década, ou ainda com a missão Apolo 11, que levou os primeiros homens a lua.

Nada é mais forte, entretanto, que a condição entre a amizade de J e K. E este ponto permeia todo MIB3. Prestes a viajar no tempo, por exemplo, J escuta do cientista que o ajuda na perigosa passagem: “Este cara [K], deve ser muito importante para você se arriscar tanto, heim?”.

Por esse traçado há espaço, inclusive, para uma breve investigação sobre a razão do jeito carrancudo de K, quando J, em 1969, conhece a versão jovem de seu parceiro (impressionantemente caracterizado por Josh Brolin) e o sugerido romance entre ele e a Agente O (no presente, Emma Thompson, no passado, Alice Eve, atriz em cartaz também em “O Corvo”).

É, inclusive, coerente essa “humanização” da franquia hoje, considerando que o astro Will Smith deu essa própria guinada em sua carreira a partir do tocante “À Procura da Felicidade” (2006). Na época, Smith importou o diretor italiano Gabriele Muccino para encontra a atmosfera correta ao contar a história de um pai, pobre, que luta para ter direito a custódia de seu filho, vivido pelo próprio filho do ator, Jaden Smith.

Um segundo trabalho com Muccino, “Sete Vidas” (2008) – último filme de Smith antes deste “MIB3” – não deu muito certo e agora, neste “Homens de Preto 3”, ele promove um mix dos dois gênero: a ação desenfreada e recheada de efeitos especiais para salvar o mundo, e drama com pitadas de valores que passeiam pela amizade, lealdade e família.

Nesta mistura entre “De Volta Para o Futuro” (1985) e “À Procura da Felicidade”, a experiência é muito positiva se você tem dez anos de idade, e é inofensiva se você é o pai desse espectador de dez anos de idade.

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