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Críticas

O Corvo

Edgar Allan Poe vira detetive por Hollywood

Por Luiz Joaquim | 18.05.2012 (sexta-feira)

O craque Edgar Allan Poe (1809-1849) – considerado aquele que inaugurou a consistência na literatura fantástica norte-americana – teve uma morte não totalmente explicada. Aos 40 anos, Poe foi encontrado nas ruas de Baltimore (EUA) delirando e usando roupas que não eram as suas. Segundo testemunhas, ele faleceu quatro dias depois insistindo numa frase que não fazia muito sentido. Dizia: “Está tudo acabado: Eddy já não existe”. Há quem acredite que a causa da morte tenha sido por embriaguez, diabete, sífilis ou doenças cerebrais desconhecidas na época. Mas o filme “O Corvo” (The Raven, EUA, 2012), que estreia hoje, apresenta uma teoria diferente.

Dirigido por James McTeigue (de “V de Vingança” e assistente de direção dos “Matrix” com suas sequências), o filme cria – pelo roteiro de Ben Livingston e Hannah Shakespeare – um ambiente novo circundando os últimos dias na vida de Poe. O poeta e escritor aqui é um beberrão deprimido (na vida real, tornou-se um alcoólatra pela morte da esposa), e endividado que implora (às vezes exige) que seu editor continue publicando no jornal seus escritos. Mas o editor não aceita nada menos genial que coisas como “O Crime da Rua Morgue” ou “O Mistério de Maria Roget”. Eram obras que vendiam muito jornal e cuja elaboração ficcional, como poucos autores na época conseguiam alcançar, já mostravam a estrutura de situações para questões policiais como as conhecemos hoje.

Na versão cinematográfica, Poe (John Cusack) tem um romance com Emily (a linda Alice Eve, que também está em “Homens de Preto 3”), cujo pai burguês Bredan Gleeson) é contra seu noivado. Mas o exercício de criação aqui aparece mesmo quando crimes misteriosos e com requinte de tortura começam a acontecer em Baltimore e o seu chefe de polícia (Luke Evans) percebe a familiaridade com os crimes criados nos romances de Poe. O escritor é logo convocado a ajudar nas investigações dos assassinatos em série que cada vez se relacionam com as tramas que saíram da cabeça dele mesmo no passado.

Apesar de conseguir sustentar a tensão e a curiosidade do espectador por diversos pontos de sua estrutura narrativa, “O Corvo” não se diferencia tantos de filmes investigativos sobre assassinos em série que conhecemos tão bem desde “O Silêncio dos Inocentes” (1991). Mas há aqui, porém, uma atrativo extra que está exatamente na ligação entre as histórias de Poe com sua vida real e as situações desenhadas pelo filme.

Fãs do escritor podem entortar a cara para as situações fáceis do roteiro, mas o entretenimento está garantido, embora frágil e mostrado sempre numa fotografia feia e escura.

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