Piratas Pirados!
Um pirata do bem
Por Luiz Joaquim | 11.05.2012 (sexta-feira)
Chega aos cinemas o mais novo trabalho da dupla britânica Peter Lord – que dirigiu o ótimo “A Fuga das Galinhas” (2000) e produziu “Wallace & Gromit: A Batalha dos Vegetais” (2005) -, com Jeff Newitt, animador de “Por Água Abaixo” (2006). A nova produção em cartaz nos multiplex, “Piratas Pirados!” (The Pirates: Band of Misfist, Ing., 2012), tem a direção em conjunto de Lord e Newitt, e garante o mesmo espírito sagaz, mas não cansativo para as crianças, que permeavam seus títulos anteriores.
Na verdade, as animações em stop-motion dos estúdios Aardman – produtores – engendram muito bem esta fórmula que agrega um mundo fantasioso com situações do nosso mundo real. Longe, muito longe, do perfil do pirata mais famoso da atualidade no cinema – o trapalhão Jack Sparrow, de “Piratas do Caribe” – o Capitão Pirata (voz de Hugh Grant no original) está mais para um ingênuo que um malandro. Mais para entusiasta que para um corajoso. Mais para fiel que para traiçoeiro.
O incrível num roteiro como o criado para “Piratas Pirados!” é alcançar, sem soar forçado, valores corretos a uma figura tão tradicionalmente cavernosa quanto a de um pirata. No caso, o Capitão Pirata é talvez o mais fracassado de sua categoria. Para levantar sua própria moral, ele decide encarar o concurso de “Pirata do Ano”. O Capitão conta com sua barba vistosa para ganhar pontos no concurso mas, ainda na inscrição, fica claro que só pela apresentação mirabolante (que imaginação!) dos piratas concorrentes – Black Bellamy e Cutiass Liz – o nosso herói não terá chance.
A época é o século 19, e Lord e Newitt se apropriam de vários personagens ingleses da época (desde a Rainha VItória até o Homem Elefante) para ajudar (ou atrapalhar) a figura entristecida do Capitão Pirata. Um destes é Charles Darwin, ainda sem barba e navegando pelo Pacífico em busca de espécimes raras. É Darwin quem dá a dica de que a ave de estimação do Capitão Pirata é raríssima e vale uma fortuna. Fica armada assim a trama que irá levar o Capitão Pirata a vender sua avé de estimação, mesmo contra a vontade de sua tripulação, ela própria (a tripulação) mais dócil e gentil ainda que o seu comandante.
Acertando nos valores morais aplicados, e com muitas cores e personagens carismático – atenção para o rebolado do passáro do Capitão, para o macaco mudo de Darwin e para a mulher disfarçada de marinheiro -, a criançada tem aqui bom entretenimento na medida certa. Ainda mais se consideramos o ritmo agitado, mas não epiléptico, da ação. Craques no assunto, os diretores Lord e Newitt dão o tempo suficiente para apreciarmos a beleza dos movimentos destes bonequinhos em stop-motion. Uma fascinação que sempre encanta o espectador, seja ele pequenino ou já crescido.
0 Comentários