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Festivais

22o. Cine Ceará (2012) – noite 3

Homenagens e política movimentam o Cine Ceará

Por Luiz Joaquim | 05.06.2012 (terça-feira)

FORTALEZA (CE) – A noite de domingo no 22o. Cine Ceará: Festival Ibero-americano de Cinema começou tensa. Era o dia de homenagem à produtora Lucy Barreto, que está tendo um retrospectiva por aqui de cinco de seus filmes. No primeiro minuto de projeção do vídeo produzido pelo Canal Brasil em celebração a homenageada, seu marido Luiz Carlos Barreto levantou para interromper a projeção, gritando que o vídeo estava errado.

O que aconteceu é que o esperado pelos Barreto seria exibir um vídeo de 15 minutos produzido pela filha do casal, Paula Barreto. Após um acordo, foi mesmo exibida a vinheta do Canal Brasil, dando um breve cenário da importância da produtora para o cinema brasileiro. Das mãos da atriz Betty Faria – com quem trabalhou em quatro filmes -, Lucy recebeu emocionada um buquê de flores com quem compartilhou com Barretão.

Logo na sequência, o curta-metragem mineiro “Lambari”, de Márcia Soares, inaugurou a projeção da noite. Com fotografia impressionista de Marcklano Lima, o filme já dá o mote dramático com um narrativa em off durante seus créditos de abertura. Ali uma voz explica que um pai acaba de descobrir que seu filho adolescente é filho de um outro homem.

O que se segue é a construção por belas imagens e sons bens casados, ambientado às margens de um rio distante, com o instinto assassino do pai bastante afiado. É um belíssimo exercício cinematográfico, que prende os olhos e ouvidos do espectador, mas que não sacia totalmente em sua proposta.

O longa-metragem, o quarto em competição, veio do México. A ficção “Prazo de Validade” (Fecha de Caducidad, 2011), de Kenia Márquez, divide-se na perspectivas de três personagens interligados para nos entendermos o desaparecimento de Osvaldo, o único filho de uma delas – a senhora Ramona (Ana Ofélia Marguía).

No bloco inicial que apresenta Ramona, já conhecemos Genaro (Damián Alcázar), um sujeito que faz todo tipo de serviço, inclusive ajuda no departamento forense da cidade, e Mariana (Marisol Centeno), jovem que se muda para o apartamento vizinho ao de Ramona, em fuga de um problema não explicitado pelo filme.

“Prazo de Validade” tem como trunfo a atmosfera surreal apoiado não apenas pelos cenários (maior parte delas em ambientes, apartamentos fechados) como pelo perfil e postura de seus personagens. Ramona acredita que Mariana se aproximou por ser namorada do filho desaparecido e, através da jovem, acredita poder voltar a encontrar Osvaldo. Já Genaro se apaixona por Mariana e, acidentalmente, encontra uma parte do corpo de Osvaldo, a quem cuida com carinho para devolver em segredo a Ramona.

É por uma clássica falta de comunicação entre os três personagens que o roteiro se sustenta, o que, por sua vez, fragiliza o filme e a sua estrutura já bastante explorada pelo cinema nestes últimas 15 anos. Destaque para a fotografia e performance dos atores.

Ainda no domingo, aconteceu uma reunião da Associação de Produtores e Cineastas do Norte e Nordeste (APCNN), cujo eleição definiu o cineasta Cláudio Assis como novo presidente. A também pernambucana Isabela Cribari (produtora) foi eleita secretária, e o documentarista paraense, Afonso Gallindo, vice-presidente.

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