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Festivais

22o Cine Ceará (2012) – noite 7

A noite dos curtas no Ceará

Por Luiz Joaquim | 09.06.2012 (sábado)

FORTALEZA (CE) – Todos concordaram que o 22o Cine Ceará: Festival Ibero-americano de Cinema deixou para sua última noite competitiva, na quinta-feira, sua melhor composição de curtas-metragens de toda a edição. Foram quatro títulos exibidos antes do longa, “Febre do Rato”, de Cláudio Assis. Todos eles com alguma particularidade interessante que fazia valer dedicar uma atenção.

O paulista “Realejo”, de Marcus Vinícius, que abriu criou um universo de fábula numa animação digital, talvez tenha sido o mais irregular em sua totalidade. A obra mostra que a cada lua cheia um realejo mágico decide o futuro dos habitantes de um lugar não definido. No decorrer da história, ele tem de lutar contra um inimigo que tenta detruí-lo.

Depois veio “Dizem que Os Cães Vêem Coisas”, do cearense Guto Parente, integrante do coletivo local, Alumbramento. Temos aqui mais um trabalho preciso de Parente, agora adaptando uma obra literária, mas sendo fielmente, em primeiro lugar, a potencia das imagens cinematográficas.

Apresenta a preparação de uma festa burguesa, numa casa rica onde diversos grupos – senhoras em sua conversas, senhores com seus jogos, jovens na piscina, casais escondidos – seguem sua vida felizes. Um cachorro vigia a tudo quieto e percebe que nem tudo está certo ali.

Pelo trabalho sem diálogos, com enquadramentos cirúrgicos, e encenação bem sintonizada, Parente cria um filme que oferece a leitura óbvia que as imagens apresentam, mas orquestra, com elas, reflexões que estão para alem do obvio pictórico. No final, ao som de “Freedom”, do Rage Against the Machine, toda felicidade/liberdade que foi mostrada fica relativizada, como deve ser.

“A Galinha que Burlou o Sistema”, de Quico Meirelles (filho do Fernando, “Cidade de Deus”), é um filme que salta aos olhos primeiro pela estrutura endinheirada da produção da O2 – o que não é um mérito nem desmérito – mas, rapidinho, o filme vai impondo sua qualidade, em particular pelo roteiro e direção.

Nos apresenta a trajetória de uma galinha, desde de seu nascimento num granja industrial. Em crise existência, ela a única que se angustia com a vida sem sentido, e deseja algo alem do traçado pelo seu destino.

A animação pernambucana “Dia Estrelado”, de Nara Normande, veio em seguida e parece ter encantando a platéia que lotava o Teatro José de Alencar. Era um público que esperou a semana inteira para conhecer “Febre do Rato”, de Cláudio Assis, único longa-metragem apresentado na quinta-feira.

A complexão relação virulenta do poeta Zizo (Irandhir Santos) com o amor e a anarquia pela liberdade, mostrada no filme de Claudão, hipnotizou o auditorio cearense, que aplaudiu efusivamente ao fim a da exibição.

Cláudio parecia nervoso, ao apresentar o trabalho no palco deste que será o último festival nacional que o produção deve participar em competição em função de seu breve lançamento comercial. No Recife, acontece dia 29 próximo.

*Viagem a convite do festival
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Veja premiados no 22o. Cine Ceará, cuja cerimônia ocorreu ontem (8-jun-12)

Premiação final

Júri oficial
Longas-metragens

– Troféu Mucuripe de Melhor Longa metragem: “Violeta Foi para o Céu”, de Andrés Wood (o filme também recebe um prêmio em dinheiro de U$ 10 mil)
– Troféu Mucuripe de Melhor Direção: Claudio Assis por “Febre do Rato”
– Troféu Mucuripe de Melhor Fotografia: Gaizka Bourgeaud por “Bertsolari”, de Asier Altuna
– Troféu Mucuripe de Melhor Atriz: Graziela Felix por “Rânia”, de Roberta Marques
– Troféu Mucuripe de Melhor Ator: Luis Ziembrowski por “Un Amor” (“Um Amor”), de Paula Hernández
– Troféu Mucuripe de Melhor Roteiro: Eliseo Altunaga, Rodrigo Bazaes, Guillermo Calderón e Andrés Wood por “Violeta Foi para o Céu”. de Andrés Wood
– Troféu Mucuripe de Melhor Edição: Andrea Chignoli por “Violeta Foi para o Céu”, de Andrés Wood
– Troféu Mucuripe de Melhor Trilha Sonora Original: Jorge Du Peixe por “Febre do Rato”, de Claudio Assis
– Troféu Mucuripe de Melhor Som: Nerio Barberis e Santiago Arroyo, por “Fecha de Caducidad” (“Prazo de validade”) de Kenya Márquez
– Troféu Mucuripe de Melhor Direção de Arte: Juan Carlos Azevedo por “En el Nombre de la Hija” (“Em nome da filha”), de Tania Hermida

Curtas-metragens
– Troféu Mucuripe de Melhor Curta metragem: “Os lados da rua” de Diego Zon (ES)
– Troféu Mucuripe de Melhor Direção: Roberval Duarte por “Santas” (RJ)
– Troféu Mucuripe de Melhor Roteiro: Luiza Favale, Marcus Vinicius Vasconcelos, Nádia Mangolini e Vanessa Reis por “Realejo” (SP)
– Troféu “Mucuripe” à melhor produção cearense: “Querença” de Iziane Filgueiras Mascarenhas


Júri da Crítica
Prêmio da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine):
– Pelo roteiro engenhoso, pela evolução do arco dramático e pelo homogêneo trio de protagonistas, o prêmio da crítica de melhor longa vai para:
Longa : “Fecha de Caducidad” (“Prazo de Validade”), de Kenya Márquez (México)
– Pela combinação rigorosa entre técnica e discurso, pelo diálogo feliz da fotografia com as artes plásticas, o prêmio de melhor curta vai para:
Curta: “Dia Estrelado”, de Nara Normande (PE)
Prêmio da Crítica Internacional:
– “Un Amor” (“Um Amor”), de Paula Hernández (Argentina)

Outros prêmios
– Troféu Oscarito (Prêmio da Câmara Municipal de Fortaleza): Claudio Assis, por “Febre do Rato”
– Prêmio BNB (melhor filme com temática nordestina): “Rânia”, de Roberta Marques
– Prêmio Aquisição Canal Brasil para melhor curta-metragem: “A Galinha que Burlou o Sistema”, de Quico Meirelles (SP)

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