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Festivais

22o Cine Ceará (2012) – noites 1 e 2

Diversidade é a ordem no festival cearense

Por Luiz Joaquim | 04.06.2012 (segunda-feira)

FORTALEZA (CE) – A competição de longas-metragens do 22o Cine Ceará: Festival Ibero-americano de Cinema iniciou na noite de sexta-feira. E iniciou com força. Para uma platéia lotada e interessada, no Theatro José de Alencar, a produção chilena “Violeta foi para o Céu”, de André Wood (conhecido por “Machuca”, 2004) foi projetada e conquistou aos poucos seus espectadores que ao final estavam absolutamente envolvidos pela história da artista retratada, Violeta Parra (1917-1967).

Adaptado do livro escrito pelo filho da musicista, Angel Parra, o filme mistura situações cronológicas e emotivas que a levaram a tornar-se a cantora, compositora, artistas plástica e ceramista mais importante de seu pais do ponto de visto folclórico. No filme, André privilegiou a perspectiva da artista, vivida por Francisca Gavillán (cuja performance não deve ser derrubada por a de nenhuma outra atriz aqui neste Cine Ceará).

Francisca ajudou a dar a medida exata da virulência de angústias sociais, culturais e amorosas de Violeta. A câmera está sempre olhando para a atriz e faz de “Violeta foi para o Céu” um destes filmes em que não conseguimos mais dissociar a atriz da cinebiografada, por tanta competência emocional e cinematográfica. O filme estreia nesta sexta-feira, dia 8, no Sudeste, distribuído pela Imovision.

O sábado contou com dois longas. Da Guatemala veio o sensível e discreto (mas potente) a ficção “Distância” – talve o primeiro longa guatemalteco num festilval brasileiro -, de Sérgio Ramirez. Depois exibiu o doc. paulista “Futuro do Pretérito: Tropicalismo Now!”, de Ninho Moraes e Francisco Cesar Filho.

No primeiro, Ramirez cria uma história simples para resgatar o drama vivido pelo povo gualtemalteco pela opressão militar. O filme apresenta o camponês Thomas (Carlos Escalante) que percorre 150 quilômetros a pé e de carona para encontrar sua filha. Ele nem sabia que ela estava viva 20 anos após ter sido seqüestrada, aos 3 anos de idade, pelos militares.

Com seu rosto expressando dor a desalento em cada linha de seu rosto, Thomas segue resignado e triste por nem saber se conseguirá reconhecer sua filha. “Distância” segue um ritmo próprio, que acompanha o ritmo do protagonista, e garante o peso de sua dor bem administrada pela mão precisa de Ramirez.

Já “Futuro do Pretérito”, atualiza o debate a respeito da importância de movimento tropicalista nos anos 1960, como estopim para a diversificação da cultura brasileira para além da musica. Mostrando um show no Teatro Oficina com arranjos atualizados por André Abujamra sobre canções clássicas de Caetano Veloso (com performance de Luís Caldas e um coral infantil), o filme intercala entrevista com estudiosos, com intervenções artísticas a atores (Gero Camilo, Helena Albergaria, Alice Braga) em esquetes. É um filme empolgante e vibrante que certamente fará um bom barulho ao longo deste ano.

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