A Era do Gelo 4
A palavra de ordem é família
Por Luiz Joaquim | 29.06.2012 (sexta-feira)
É provável que a franquia “A Era do Gelo” que surgiu há dez anos nunca tenha acertado tanto quanto neste quarto volume (Ice Age: Continental Drift, EUA, 2012), com direção de Steve Martino e Mike Thurmeier, e que invade os cinemas brasileiros a partir de hoje. Se nos filmes anteriores o peso da ação e graça recaía ora sobre os ombros do esquilinho Scrat (como no filme 2), ora no do grupo formado pelo mamute Manny (voz de Diogo Vilela), a preguiça Sid (Tadeu Mello) e o tigre dente-de-sabre Diego (Márcio Garcia), desta vez o equilíbrio encontrou sua harmonia.
O drama e sofrimento de Scrat sempre atrás de sua valiosa noz continua seguindo quase sem muita relação e paralela a história que leva o grupo de Manny. Mas desta vez, tanto uma quanto outra traz em si situações tão boas que não dá tempo do espectador sentir saudade de um ou do outro núcleo, com era comum nos dois filmes anteriores.
Assim como no volume 3, o amor familiar é o mote que movimenta as ações de todos os personagens (menos Scrat, que só ama as nozes). O filme dá um pulo no tempo do anterior (de 2009) e já inicia com Manny brigando com sua filha adolescente, Amora (no Brasil, voz de Bruna Laynes), por ela já querer ser independente e paquerar um jovem mamute.
Para conseguir entrar no preconceituoso grupo do jovem mamute, Amora precisa deixar de andar com seu melhor amigo, uma topeira tímida, de olhos grandes, chamada Luiz, que cultiva uma paixão secreta pela amiga mamute. Ao mesmo tempo, a família de Sid aparece, mas só para deixar com ele a sua avó banguela. Debochada, braba e desengonçada, a vovó de Sid é a melhor invenção deste quarto “Era do Gelo”.
Uma das maneiras de perceber a qualidade no enredo de uma animação de aventura é a capacidade que ele tem em criar situações que parecem insolúveis, mas na já seqüência encontram uma solução divertida. Por esse critério, “A Era do Gelo 4” já leva muita vantagem. Mas perde crédito quando parece correr atrás de uma onda fácil que foi levantada pela boa maré mercadológica de outra franquia de sucesso: “Piratas do Caribe”.
O interesse das crianças (norte-americanas, em maior parte) por piratas em função dos quatro filmes estrelados por Johnny Depp é um caminho fácil para seduzir estes mesmo espectadores. Na quarta animação da era glacial, o vilão é o pirata Capitão Entranha, um macaco feio (voz de Jorge Vasconcellos), acompanhado pela tripulação formada por uma foca débil, um coelho colérico e Shira (voz de Andréa Suhet) uma tigresa dente-de-sabre que ao surgir na tela, advinha-se logo sua razão de existir, se lembramos do solitário Diego.
De qualquer forma, “A Era do Gelo 4” consegue agregar a sua história, e de maneira orgânica, situações da literatura clássica, como “A Odisséia”, de Homero, ou o mistério de Atlântida, além de brincar com a formação de ícones universais, como a imagem da esfinge egípcia, ou o rosto dos presidentes americanos no Morro Rushmore, ou ainda as esculturas da Ilha da Páscoa. Tudo isso enriquece a obra, tornando-a um barato tanto para a molecada quanto para os marmanjos.
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