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Festivais

1a. Mostra de Filmes Blow Up

Filmes sobre explosões e calmarias

Por Luiz Joaquim | 16.07.2012 (segunda-feira)

Começa pequena e discreta esta “1ª Mostra de Filmes Blow Up” que acontece com entrada franca hoje, às 19h30, no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco. Mas já começa atraente. Composta pela exibição de cinco curtas-metragens, e seguida de debate com os realizadores, a “Blow Up” quer dar a oportunidade de por em destaque alguns títulos de curta duração, pernambucanos ou não, que não tiveram um espaço adequado de exibição aqui na região.

Criada e coordenada pelos produtores Pedro Severien e Maria Cardoso, as obras que compõem a programação são “Baba” (Irã/Inglaterra), de Naz Massoumi; “Urânio Picuí” (PE) de Tiago Melo e Antônio Carrilho; “Custo Zero” (RJ), de Leonardo Pirovano; “A Vida Plural de Layka” (PE), de Neco Tabosa; e “Canção para Minha Irmã” (PE), de Pedro Severien. Os três primeiro são inéditos por aqui, enquanto “Layka” só teve uma exibição em caráter de pré-estréia, em maio, e “Canção” só foi exibido também uma vez, no 16º Cine-PE.

Os cinco filmes trazem propostas bastante particulares e estética própria, mas poderiam se identificadas em unicidade por alguma introspecção de seus personagens ou pela posição da câmera sempre posta de forma íntima destes personagens, a disposição do espectador. Severien diz que “existe uma lógica na junção desses filmes. São filmes de autores inconformados com a realidade e inquietos com o processo de criação. Com isso, trazem leituras pessoais, íntimas, que sugerem um diálogo em primeira pessoa com os espectadores”.

Os curadores destacam também que “se há no conceito da mostra [pelo nome Blow Up] o tema ‘explosão’, é porque ele serve como uma alusão ao processo criativo. Por acaso, alguns filmes trazem imagens de explosões, seja no plano concreto como em ‘Urânio Picuí’, onde vemos a busca pelo minério com dinamite, seja no plano simbólico quando uma explosão é narrada pela personagem de Sandra Possani em ‘Canção para Minha Irmã'”, explicam os curadores.

Outro bom exemplo dessas “explosões” está no carioca “Custo Zero”, primeira incursão de Pirovano em 35mm, que competiu no Festival de Brasília 2010. Acompanhando dois momentos da criminalidade carioca, a obra cria situações que saem e que entram na violência. ‘Explosões’ e calmaria se alternam, mas sempre perpassando pela brutalidade.

A “explosão” em “Layka” está disfarçada ora na falsa calmaria do pai de família que sofre para pagar as contas e manter a ordem em casa, ora na agitação sexual de um jovem já entediado com a idiossincrasia das mulheres. Essa tensão só dá folga aos dois quando eles encontram a cadelinha. Sempre receptiva, de olhos convidativos e sem julgar nada Layka é a própria liberdade.

Anunciado como o primeiro filme pernambucano adaptado de HQ – das obras “Fragmentos de Josael” e “Pensei que era livre” -, “Layka”, o filme, é muito mais que isso. Em sua mistura de técnicas – live action, animação 3D, 2D, fotografias – para narrar os poderes da cachorra, Tabosa mostrou talento em reunir bons técnicos e tirar deles o que precisava para encontrar boas soluções plásticas e assim criar um ambiente visual atraente, que traduzisse a realidade dos dois frustrados da história.

No estrangeiro “Baba”, a fronteira cada vez mais apagada entre documentário e ficção se perde aqui ao contar a história de um exilado iraniano e sua banal vida suburbana. Com economia e extremo talento, o diretor Naz cria, a partir do personagem ficticio, uma situação limite para seu personagem real. Nessa fusão, o climax do filme nos remete à própria importância do cinema, como um trabalho que impõe sacrifícios e que se impõe acima das vontades de seus envolvidos.

SERVIÇO
1ª Mostra de Filmes Blow Up
Cinema da Fundação Joaquim Nabuco
Rua Henrique Dias, 609, Derby, Recife
Hoje, às 19h30
Entrada franca, mediante lotação da sala (197 lugares)
(81) 3073-6688

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