31 minutos
Para rir com a palma da mão
Por Luiz Joaquim | 03.08.2012 (sexta-feira)
É uma oportunidade bacana esta que os pais têm de levar a molecada ao cinema para ver uma animação brasileira. A estreia de “31 Minutos” (2012) – na verdade uma co-produção com o Chile e a Espanha dirigida por Álvaro Diaz e Pedro Peirano – abre uma porta rica de possibilidade que o cinema nacional ainda não tinha o coragem de encarar: a da utilização de fantoches.
O projeto, na verdade, veio no esteio do sucesso do programa “31 Minutos”, exibido no canal de TV paga, Nickelodeon. Mas o trabalho foi cuidadosamente escrito (com participação de Daniel Castro e Rodrigo Salinas) e produzido para fugir da idéia de ser apenas “adequação” para o cinema, mas sim um filme, com a estrutura e arcos dramáticos que um longa-metragem (mesmo os infantis) pedem.
Cuidadosa, a produção de 2,5 milhões de dólares incluiu uma série de locações externas – entre Santiago e Rio de Janeiro (aqui em Niterói, no Pier Mauá e na praia do Abricó), e foi finalizado na Espanha, para depois passar pela maturação da montagem de quase um ano, no Chile por Galud Alarcón e no Brasil com Felipe Lacerda.
O que chama a atenção, entre os esforços técnicos da equipe, é a diversidade de bons personagens satélites que circudam o trio de protagonistas – o vaidoso apresentador do telejornal “31 Minutos”, Túlio (voz de Márcio Garcia), seu produtor Juanín (voz de Daniel de Oliveira) fã e amigo de infância de Túlio; e a malévola Cachirula (voz de Mariana Ximenes), uma rica mimada que vive numa ilha onde seu maior prazer e tiranizar os bichos que abriga num zoológico particular.
Apesar da história seguir os passos dessas três figuras, criaturas como a bola surda, que é o comentarista de futebol do telejornal, ou o delegado carioca e seu ajudante smileface que investiga o desaparecimento de Juanín, ou as bonequinhas ajudantes de Cachirula, ou ainda a banda dos Pequeninos Homens Musculosos (gerando um dos momentos mais engraçado do filme, para os adultos) dão consistência a “31 Minutos” como uma boa animação de “gente grande” (leia-se Hollywood).
Formando o enredo, acompanhamos os bastidores do “31 Minutos” no dia do aniversário de Túlio. Mas um traficante de animais sabota a surpresa que Juanín preparou para seu melhor amigo Túlio. O objetivo é sequestrar Juanín, um animal raro para Cachirula. O trabalho de dublagem, não só de Garcia, Oliveira e Ximenes mas de toda a equipe, segue a mesma competência do resto da produção.
E não precisa muito esforço para perceber que o trio de dubladores protagonistas estão se divertindo muito ali. Enquanto Garcia ajuda na personalidade do afetado Túlio, Oliveira cria um Juanín inocente e assustado, quase uma criancinha desamparada. Já Ximenes é a mais alucinada, com uma voz difícil de reconhecer, principalmente nas risadas malévolas. É um trabalho bem feito, cujo grande beneficiado são as crianças, que saem dali com a idéia reforçada de que a amizade é um bem que não tem valor.
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