40o. Gramado (2012) – noite 4
Nascem novos atores em Gramado
Por Luiz Joaquim | 15.08.2012 (quarta-feira)
GRAMADO (RS) – A quarta noite competitiva, segunda-feira, aqui no 40o Festival de Cinema de Gramado parece ter inaugurado uma nova categoria de filmes dentro do cenário brasileiro. Falamos de “Colegas”, longa-metragem de ficção dirigido pelo paulista Marcelo Galvão, cujo trama gira em torno da humorada fuga de seus três protagonistas Stalone (Ariel Goldenberg), Aninha (Rita Pokk) e Márcio (Breno Viola), todos portadores da síndrome de Down.
Em 2005, o realizador Evaldo Morcarzel, inspirado pela experiência de uma filha com necessidade especiais, já apresentara ao mundo o documentário “Do Luto à Luta”, sobre o cotidiano dos que nascem com a síndrome, e dali vieram outros docs a respeito do tema. Foi também por este trabalho que tornaram-se conhecidos Goldenberg e Pokk, casados na vida real e que agora atuam seguindo uma trama de aventura.
Na trama simples, os trio vive num internato especial e trabalha na videoteca de lá. Cinéfilos que são (o que rende dezenas de referências escancaradas no filme) eles roubam um carro e, inspirados pela aventura hollywoodiana “Thelma & Louise”, fogem para alcançar seus sonhos impulsionados pelo desejo de reencontrar os pais. Stalone quer ver o mar, Márcio voar e Aninha casar.
No caminho, fantasiados e armados, eles vão assaltando estabelecimentos e até reagindo com violência, o que provoca um estranhamento no espectador despreparado com esse tipo de reação dos portadores da síndrome, habitualmente apresentados sempre pela sua afetuosidade.
Pelos anseios e espírito ingênuo dos protagonistas, “Colegas” poderia ser um filme direcionado ao público infantil, mas não é pela violência, palavreado e sugestões criminosas. Nem tampouco se encaixa (totalmente) no universo dos adultos por uma excessiva ideia pueril do mundo, reforçada por uma excessiva narração em off na voz de Lima Duarte. Uma boa pergunta é: em que direção do mercado “Colegas”, a ser distribuído pela Europa Filmes, deverá migrar.
Na competição latina, segunda-feira viu o cansativo “Diez Veces Venceremos” (Arg. 2012), de Christian Jure. O documentário segue a trajetória de Pichún, radialista de origem Mapuche, do Chile, que viveu sete anos de forma clandestina na Argentina e decide voltar a terra natal para ajudar no conflito pela terra.
Apesar de sua importância política, “Dez Vezes…” não consegue fazer a urgência da questão da terra para os Mapuche soar como algo importante para além daquela região. E com seu ritmo de opções narrativa telejornalística e excessiva intenção de mostrar o exemplo de Pichún como o de um herói de seu povo enfraquece sua empatia.
0 Comentários