GRAMADO (SP) – Poucos questionavam que a sessão de “O Som ao Redor”, do pernambucano Kleber Mendonça Filho, na noite de quinta-feira, era a mais aguardada neste 40o Festival de Cinema de Gramado. Ninguém esperava, entretanto, a desagradável surpresa de um problema técnico que prejudicaria a sessão com cerca de 100 minutos decorridos de projeção, de um total de 131 minutos de filme.

Com o auditório do Palácio dos Festivais cheio, “O Som ao Redor” transcorria normalmente, e seguia agradando a platéia conforme a reportagem apurou, mas logo após uma específica cena em que a personagem da atriz Maeve Jinkings aciona um equipamento que emite um som extremamente agudo, o som da caixa central – que fica por trás da tela e é responsável pelos diálogos dos personagens – parou de funcionar.

O problema tornou a audição dos diálogos incompreensível. Ainda era possível ouvir a voz dos personagens, mas apenas através de murmúrios abafados. Cerca de dez minutos depois. A sessão foi interrompida e o coordenador do festival, Ralfe Cardoso, diretor da Um Cultural – empresa produtora do festival – subiu ao palco.

Depois de se desculpar com a equipe do filme, disse que “é claro que haverá uma justificativa técnica para a falha, e podemos pedir desculpas por isso, mas não há desculpas do ponto de vista da cultura”; explicando que a decisão de interromper a sessão foi feita em comum acordo com o cineasta pernambucano, Kleber, que antes, em sua apresentação havia dedicado a sessão aos pais já falecidos.

Por volta da 1h da madrugada de ontem, a organização do Festival de Gramado anunciou em seu site a seguinte declaração oficial: “A sessão de quinta [16] à noite foi interrompida devido à queima do driver da caixa central, responsável pelas altas frequências do som do cinema, conforme explica o responsável técnico pelas exibições José Luis de Almeida. Os reparos necessários já foram providenciados”. A nota ainda prometia a reexibição do filme na manhã de ontem, às 10h no mesmo Palácio dos Festivais.