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Críticas

Katy Perry: Part of Me

Mais um pouquinho de Katy Perry

Por Luiz Joaquim | 03.08.2012 (sexta-feira)

É provável que as excitadas adolescentes fãs da estrela pop Katy Perry não gostem do está por vir neste texto. Dessa forma, convém encerrar a leitura logo aqui. Mas é importante explicar que a questão aqui escrita não diz respeito aos méritos ou desméritos musicais da cantora norte-americana, mas sim ao filme “Katy Perry: Part of Me” (EUA, 2012), dirigido por Dan Cutforth e Jane Lipsitz, em exibição a partir de hoje nos multiplex.

Assim sendo, ao considerarmos os leitores não-fãs de Perry, vale a pergunta: você sabe quem é Katy Parry? Se você tem uma filha pré-adolescente, é provável que sim. Caso contrário, é assim que o filme a apresenta: a pop star, hoje aos 21 anos, ficou famosa na indústria da música em 2011 por ser a primeira mulher a igualar-se a Michael Jackson tendo cinco faixas de um mesmo álbum (“Teenage Dream”) na lista “Hot 100” da revista especializada “Billboard”. Foi também no ano passado que ela fez a maior turnê musical de sua brevíssima carreira com baladinhas românticas. Rodou o mundo inteiro enquanto seu casamento de apenas 14 meses com o comediante Russell Brand descia pelo ralo.

E pronto.

Acontece que – agora falando sobre cinema – não há cinema em “Part of Me”. O que se segue nesse produto mercadológico é a repetição de uma experiência que funcionou ano passado com outra estrela pop juvenil. Falamos de Justin Bieber, quando lançou o filme “Nunca Diga Nunca”. O alvo de filmes como estes nem são as salas de cinema, mas o mercado de home-vídeo, pelo qual as fãs podem comprar o DVD e Blu-ray da produção para ver e revê-lo ad infinintum. O lançamento nos cinemas obedece apenas um cronograma padrão, que cumpre uma sequência e, por tabela, arrecada uma pequena fortuna nas bilheterias.

É mais que natural, em milionárias turnês musicais como a de Perry, o registo em vídeo de cada instante em que a estrela e sua equipe estão no palco ou nos bastidores. O trabalho dos diretores Cutforth e Lipsitz foi apenas organizar estas imagens e montá-las em ordem compreensível, enxertando algumas performances no palco da cantora, e um outro depoimento de seus pais pastores católicos e sua simpática avó – a única personagem que soa realmente autêntica em todo o filme.

Acontece que nem assim, com esse trabalho simples, a direção consegue chamar a atenção aqui – ao menos daquele espectador para quem a carreira de Perry não importa. Pelo contrário, o que fica do filme “Part of Me” é a sensação de um trabalho mal registrado. A montagem de imagens com sequências dos shows, por exemplo, é picotada a ponto de lembrar um ritmo anacrônico de videoclipe televisivo. E a versão em 3D do filme não tem uma única necessidade de existir. É um dos raros filmes lançados nesse formato em que, sem os óculos 3D, é possível assisti-lo inteiro com zero prejuizo de usufruto. Na verdade a imagem melhora, pois ganha mais brilho sem os óculos.

O que merece crédito é a produção de Perry, cujo espetáculo musical, multicolorido e agitado, encanta a meninada. Não é para menos se considerarmos que estamos diante de um espetáculo que lembra o Circo de Soleil, sendo que o facho de luz sobre o picadeiro aponta apenas para uma menina sorridente cantando.

O único resquício digno para se fazer um filme em “Part of Me” é a história por tras da separação de Perry e Russell, que o longa-metragem pouco explora. O filme registra os minutos antes dela subir ao palco no show em São Paulo, o de maior platéia da turnê, e apresenta uma Perry em frangalhos após receber uma mensagem de celular do marido pedindo a separação.

Aqui sim, temos um tema para um documentário investigativo, sobre o preço que se paga pelo sucesso e fama meteóricos em detrimento da vida pessoa. Mas se fosse assim, aí o filme se chamaria “All of Me”, que é uma música de Gerald Marks e Seymour Simons, famosa na voz de Billie Holiday, e não de Katy Perry.

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