O Ditador
As piadas sujas de Baron Cohen
Por Luiz Joaquim | 24.08.2012 (sexta-feira)
Ninguém esquece da figura esquisita e divertida chamada Borat, criada pelo britânico Sacha Baron Cohen e que tomou o mundo em 2006 com o filme “O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América”. Três anos depois, o ator ressurgiu com o fraco “Brüno”, um bizarro especialista em moda na Alemanha. Hoje ele volta a chamar a atenção no cinema (após ter interpretado o guarda da estação em “A Invenção de Hugo Cabret”), com “O Ditador” (The Dictator, EUA, 2012).
Escrito e produzido por Baron Cohen, mas dirigido por Larry Charles, o novo filme apropria-se da mesma fórmula de “Borat”, que provocou forte impacto pela crueza e coragem das piadas contra a cultura, política e economia norte-americana. A fórmula consistia no ator interpretar um estrangeiro exótico em visita aos EUA, que interagia com a população americana provocando-os em seus costumes por um contraste de realidade e valores de vida.
A diferença em “O Ditador” é que aqui sua estrutura é toda ficcional, com Baron Cohen sempre encenando com atores. Mais uma vez ele é o estrangeiro maluco – no caso o ditador Aladeen de um país ao norte da África – que viaja aos EUA para uma reunião na ONU. Vai lá para dar satisfação sobre o uso da energia nuclear que desenvolve em seu país. Acaba virando vítima de uma tentativa de assassinato que o coloca em meio ao povo, assim como “Um Príncipe em Nova York”, com Eddie Murphy em 1988.
Nisso, Aladeen conhece a naturista Zoey (a ótima Anna Faris) que o faz perceber que no fundo ele é um cara legal e a paixão floresce. Enredo frágil à parte, a força de “O Ditador” está mesmo é nas afrontas de Baron Cohen ao estranho mundo norte-americano. É clássico o discurso final de Aladeen explicando o que é uma ditadura aos gringos a partir de exemplos da atual política social e econômica americana.
O título de “ditador” do personagem dá margem também para o ator se espraiar em piadas politicamente incorretas que não poupam lésbicas, negros, crianças, naturistas, refugiados, ecologistas e até grávidas. A graça aqui, na verdade, é ver até onde chega o absurdo criativo de Baron Cohen. “O Ditador” está, portanto, mais para uma piada suja, longa e audaciosa, que para um filme, e é assim que deve ser encarado se o espectador quiser se divertir.
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