Você sabe o que significa a expressão inglesa making of? Muito relacionada à produção cinematográfica, ela pode ser traduzida – dentro desse universo – como uma espécie de “documentário de bastidores”. São filmes (não por acaso) pequenos que tratam objetivamente do que esteve por trás de uma produção. Já existem há quase tanto tempo quanto o próprio cinema. As primeiras experiências surgiram em Hollywood, claro, lá pelos anos 1930/1940 mais como uma estratégia publicitária para complementar a divulgação na mídia de grandes lançamentos. Ainda hoje, em sua essência, é assim.

A diferença é que, agora com o acesso fácil para registrar imagens digitalmente, qualquer produção pode ter seu próprio making of. Considerando esta natureza, em que consiste um festival que olha para este produto? A resposta você terá a partir de hoje, até sexta-feira, na 2ª edição do Festival do Making Of, que acontece no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco (com entrada franca). A abertura é às 19h com uma exposição fotográfica, além de um bate-papo sobre cartazes de cinema com Clara Moreira, Fernando Vasconcelos e Raul Souza.

Germana Pereira, uma das produtoras do evento junto a Carla Francine e Isabela Cribari, já adianta um pouco do perfil desta segunda edição do festival – que em 2011 aconteceu no Cineteatro Arraial: “A ideia para este ano foi focar no que está por trás de filmes mais autorias, independentes. Privilegiar esse trabalho coletivo com o espírito do baixo orçamento, mas não desprezando casos que podem servir de exemplo para aprendermos como ter êxito de publico também. Por isso estamos trazendo do Ceará Halder Gomes e Glauber Filho, diretor de “As Mães de Chico Xavier”. Um filme que custou R$ 2 milhões e recuperou o investimento em um mês. É a riqueza dessa pluralidade que queremos oferecer”, explica Germana.

De forma objetiva, a estrutura do Festival, como está hoje, tornou-se atraente particularmente por proporcionar a interação e troca de experiências entre realizadores de várias regiões do País. Elas irão acontecer por meio de cinco mesas de debate, que iniciam – uma por dia – às 21h (na sexta-feira às 21h30). Antes, é projetado no Cinema da Fundação um programa com três ou cinco making of. Hoje por exemplo, será possível ver imagens do mais novo e inédito filme de Marcelo Gomes, “Era Uma Vez Eu, Verônica”, assim como do celebrado “O Som ao Redor”, de Kleber Mendonça Filho, recém-premiado no Festival de Gramado. Exibe junto o doc. de bastidor de “A Febre do Rato”, de Cláudio Assis. O cineasta participa do debate com os produres Emilie Lesclaux (de “O Som…”) e João Vieira Jr. (de “Verônica”).

Na terça-feira, o tema é “Cinema entre Amigos” e o debate reúne cabeças que produziram filmes por meio de coletivo ou em parceria. Dois nomes fortes que vêm do Rio de Janeiro e Minas Gerais são Cavi Borges (que mostra seu “Cidade de Deus: 10 Anos Depois”) e Sérgio Borges (melhor filme em Brasília 2011 com “O Céu Sobre os Ombros”). No debate também está a produtora Sarah Hazin (de “Amigos de Risco”) e Marcelo Lordello, que também vai mostrar imagens inéditas de seu “Eles Voltam”, longa que compete no Festival de Brasília na próxima semana.

Na quarta-feira, além de Halder e Glauber Filho para falar da cena cearense, também de lá estarão na mesa Rosemberg Cariry (pelo filme do filho Petrus, “O Grão”) e Pedro Diógines, pelo mais que ativo coletivo Alumbramento, mostrando “Os Monstros”. Quinta-feira o tema é a Bahia, o festival recebe a produtora Solange Lima, e os cineastas Edgar Navarro (com “O Homem que Não Dormia”) e Henrique Dantas (com “Sinais de Cinza: A peleja de Olney contra o Dragão da Maldade”).

A sexta-feira encerra com uma conversa interessante por apresentar uma perspectiva bem diferente da nordestina. O tema é “A cena eixo Rio-São Paulo”, e vai juntar gente grande como Sara Silveira (da Dezenove Som e Imagens e recém-premiada em Gramado com “O Que Se Move”, de Eduardo Galeano) e o produtor e diretor Renato Ciasca (por “Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Lindos Lábios”). Ainda de São Paulo vem Toni Venturi (por “Estamos Juntos”) e do Rio de Janeiro participa Eduardo Valente, cineasta e assessor internacional da Agência Nacional do Cinema (Ancine).

O Festival Making Of também preparou quatro oficinas: uma para produzir making of (ministrada por Roberto Jaffier), outra para interpretação para cinema, por Luciana Canton; “Como Fazer um Filme de Baixo Orçamento”, com Cavi Borges; e “Introdução a Trilha Sonora para Cinema”, com o DJ Dolores. Outras informações no site do evento (www.festivaldomakingof.com.br).

POGRAMAÇÃO

segunda-feira (10)
19h – Abertura
20h – Exibição do making of dos filmes (16 anos)
• A Febre do Rato, de Cláudio Assis
• O Som ao Redor, de Kléber Mendonça Filho
• Era Uma Vez Verônica, de Marcelo Gomes
21h – Debate: A Cena Pernambucana

terça-feira (11)
19h – Exibição dos making ofs dos filmes (livre)
• Amigos de Risco, de Daniel Bandeira
• O Céu Sobre os Ombros, de Sérgio Borges
• Girimunho, de Clarissa Campolina e Helvécio Marins Jr
• Cidade de Deus – 10 anos depois, de Cavi Borges e Luciano Vidigal
• Eles Voltam, de Marcelo Lordello
21h – Debate: Cinema entre amigos

Quarta-feira (12)
19h – Exibição dos making ofs dos filmes (livre)
• O Grão, de Petrus Cariry
• Os Monstros, de Guto Parente, Luiz Pretti, Pedro Diógenes e Ricardo Pretti
• Sunland Heat – No Calor da Terra do Sol, de Halder Gomes
• Bezerra de Menezes, de Glauber Filho e Joe Pimentel
• As mães de Chico Xavier, de Glauber Filho e Halder Gomes
21h – Debate: A Cena Cearense

Quinta-feira (13)
19h – Exibição dos making ofs dos filmes (livre)
• Capitães da Areia, de Cecília Amado
• O Homem que não dormia, de Edgar Navarro
• Eu me Lembro, de Edgar Navarro
• Sinais de Cinza – A peleja de Olney contra o Dragão da Maldade, de Henrique Dantas
21h – Debate: A Cena Baiana

Sexta-feira (14)
19h – Exibição dos making ofs dos filmes (livre)
• No meu lugar, de Eduardo Valente
• Histórias que só existem quando lembradas, de Júlia Murat
• Estamos Juntos, de Toni Venturi
• Os Famosos e o Duende da Morte, de Esmir Filho
• Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios, de Beto Brant e Renato Ciasca
21h30 – Debate: A Cena do eixo Rio-São Paulo