45o Brasília (2012) – premiação
Dois Marcelos, um Estado
Por Luiz Joaquim | 25.09.2012 (terça-feira)
BRASILIA (SP) – Terminou com um empate o principal prêmio do 45o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro na noite de segunda-feira. O troféu Candango de melhor longa-metragem de ficção foi dividido para dois filmes pernambucanos: “Eles Voltam”, de Marcelo Lordello, e “Era Uma Vez Eu, Verônica”, de Marcelo Gomes. Em suas 45 edições de história, esta é a quarta vez em que o festival divide o prêmio.
A divisão causou rebuliço por conta das diferenças estéticas marcadas nos dois filmes, o que fez pensar a respeito dos critérios de escolha do júri oficial. Já os realizadores dos dois filmes, confraternizados no palco e dançando frevo ao som de uma banda local durante o anúncio, diziam-se felizes por dividir o titulo com outra produção do Estado.
“Eles Voltam” ainda carregou o prêmio da crítica e o troféu de melhor atriz para a adolescente protagonista Maria Luzia Tavares (decepcionando alguns que davam por certo a premiação para Hermila Guedes, por “Verônica”). Ainda debaixo do braço de Lordello vieram o Candango de atriz coadjuvante para Elayne Moura.
Já Gomes trouxe o seu troféu pelo roteiro, e também para W. J. Solha como ator coadjuvante, além da fotografia de Mauro Pinheiro e trilha sonora de Karina Buhr e Tomaz Alvez Souza. “Verônica” também ganhou a simpatia da platéia que lhe concedeu o prêmio do público. Numa contemplação não-oficial, o filme de Gomes também venceu o prêmio Vagalume do projeto “Cinema para Cegos”.
Daniel Aragão, pelo seu “Boa Sorte, Meu Amor”, foi eleito o melhor diretor . De tão feliz, o cineasta pediu a banda para tocar “Sunny”, de Bobby Hebb, enquanto ele tentava adequar a letra para agradecer o prêmio. O filme também arrebatou o Candango de melhor som (Guga Rocha, Phelipe Cabeça, Pablo Lopes) e o prêmio especial do júri para o ator Carlo Mossy.
Entre os longas documentários, o pernambucano “Doméstica”, de Gabriel Mascaro, levou o não-oficial Prêmio Saruê, dado por jornalistas de cultura de um jornal brasiliense. Chamou a atenção o júri oficial conceder um Prêmio Especial para “Um Filme para Dirceu” e esquecer completamente o inventivo cinema de Mascaro.
A premiação para longas documentários ficou alternando entre “Otto”, de Cão Guimarães (melhor filme, fotografia, trila sonora, som) e “Elena”, de Petra Costa (direção, direção de arte, montagem).
Na competição de curtas-metragens de ficção, Pernambuco foi lembrado pela fotografia de Pedro Sotero por “Canção para Minha Irmã”. Mas o grande vencedor da noite foi “A Mão que Afaga”, de Gabriela Amaral Almeida, pela atuação de Luciana Paes (melhor atriz), roteiro, e montagem (Marco Dutra), além do júri popular, prémio da critica, Aquisição Canal Brasil e o Vagalume.
O eleito como melhor curta de ficção entretanto foi “Vestido de Laerte”, de Clãudia Priscila e Pedro Marques, que também conquistou a direção de arte. Outro destaque foi o curta “Eu Nåo Deveria ter Voltado”, do trio Eduardo Morotó, Marcelo Martins Santiago e Renan Brandão. São recém-formados em cinema e realizaram o trabalho pelo projeto Sal Grosso. O filme ficou também com os Candangos de direção, ator (Everaldo Pontes), trilha sonora e som.
O curta de melhor documentário foi para “A Guerra dos Gibis”, de Thiago Brandimarte Mendonça e Rafael Terpins, que também ficou com o prêmio de direção de arte e trilha sonora. Pernambuco ficou com o Candango de melhor edição para Eduardo Serrano pelo filme de Gabriel Mascaro, “A Onda Traz, O Vento Leva”. Outro destaque entre os docs curtos foi o gaucho “A Cidade”, de Liliana Suzbach, com prêmios de direção, fotografia e som.
*Viagem a convite do festival
PRÊMIOS DO JÚRI OFICIAL
LONGA-METRAGEM DE FICÇÃO
Melhor filme – R$ 250 mil
“Eles voltam”, de Marcelo Lordello e “Era uma vez eu, Verônica”, de Marcelo Gomes
Melhor direção – R$ 20 mil
Daniel Aragão (Boa sorte, meu amor)
Melhor ator – R$ 5 mil
Enrique Diaz (Noites de Reis)
Melhor atriz – R$ 5 mil
Maria Luiza Tavares (Eles voltam)
Melhor ator coadjuvante – R$ 3 mil
W. J. Solha (Era uma vez eu, Verônica)
Melhor atriz coadjuvante – R$ 3 mil
Elayne Moura (Eles voltam)
Melhor roteiro – R$ 5 mil
Marcelo Gomes (Era uma vez eu, Verônica)
Melhor fotografia – R$ 5 mil
Mauro Pinheiro Jr. (Era uma vez eu, Verônica)
Melhor direção de arte – R$ 5 mil
Gatto Larsen e Rubens Bardot (Esse amor que nos consome)
Melhor trilha sonora – R$ 5 mil
Karina Buhr e Tomaz Alves Souza (Era uma vez eu, Verônica)
Melhor som – R$ 5 mil
Guga S. Rocha, Phelipe Cabeça, Pablo Lopes (Boa sorte, meu amor)
Melhor montagem – R$ 5 mil
Ricardo Pretti (Esse amor que nos consome)
Menção Especial do Júri
A menção especial do júri é dedicada a um artista múltiplo. Um ator que dirige, escreve e produz. Um ator que entrou para o imaginário do audiovisual brasileiro como ícone de um tipo de cinema que fazia humor sem o preservativo da hipocrisia e da caretice: Carlo Mossy, integrante do elenco de “Boa sorte, meu amor”.
CURTA-METRAGEM DE FICÇÃO
Melhor filme – R$ 20 mil
Vestido de Laerte, de Claudia Priscilla e Pedro Marques
Melhor direção – R$ 5 mil
Eduardo Morotó, Marcelo Martins Santiago e Renan Brandão (Eu nunca deveria ter voltado)
Melhor ator – R$ 3 mil
Everaldo Pontes (Eu nunca deveria ter voltado)
Melhor atriz – R$ 3 mil
Luciana Paes (A mão que afaga)
Melhor roteiro – R$ 3 mil
Gabriela Amaral Almeida (A mão que afaga)
Melhor fotografia – R$ 3 mil
Pedro Sotero (Canção para minha irmã)
Melhor direção de arte – R$ 3 mil
Fernanda Benner (Vestido de Laerte)
Melhor trilha sonora – R$ 3 mil
Pedro Gracindo e Victor Lourenço (Eu nunca deveria ter voltado)
Melhor som – R$ 3 mil
Felippe Schultz Mussel e Rodrigo Maia (Eu nunca deveria ter voltado)
Melhor montagem – R$ 3 mil
Marco Dutra (A mão que afaga)
CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO
Melhor filme – R$ 20 mil
Valquíria, de Luiz Henrique Marques
LONGA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO
Melhor filme – R$100 mil
Otto, de Cao Guimarães
Melhor direção – R$ 20 mil
Petra Costa (Elena)
Prêmio Especial do Júri
Um Filme para Dirceu, de Ana Johann
Melhor fotografia – R$ 5 mil
Cao Guimarães e Florencia Martínez (Otto)
Melhor direção de arte – R$ 5 mil
Filme “Elena”
Melhor trilha sonora – R$ 5 mil
O Grivo (Otto)
Melhor som – R$ R$ 5 mil
O Grivo (Otto)
Melhor montagem – R$ 5 mil:
Marília Moraes e Tina Baz (Elena)
CURTA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO
Melhor filme – R$ 20 mil
A Guerra dos Gibis, de Thiago Brandimarte Mendonça e Rafael Terpins
Melhor direção – R$ 5 mil
Liliana Sulzbach (A Cidade)
Melhor fotografia – R$ 3 mil
Francisco Alemão Ribeiro (A Cidade)
Melhor direção de arte – R$ 3 mil
Natália Vaz (A Guerra dos Gibis)
Melhor trilha sonora – R$ 3 mil
BID (A Guerra dos Gibis)
Melhor som – R$ 3 mil
Cléber Neutzling (A Cidade)
Melhor montagem – R$ 3 mil
Eduardo Serrano (A Onda Trás, o Vento Leva)
PRÊMIO DO JÚRI POPULAR
Melhor longa-metragem de ficção – R$ 20 mil
Era uma vez eu, Verônica, de Marcelo Gomes
Melhor longa-metragem documentário – R$ 15 mil
Elena, de Petra Costa
Melhor curta-metragem de ficção – R$ 10 mil
A mão que afaga, de Gabriela Amaral Almeida
Melhor curta-metragem documentário – R$ 10 mil
A ditadura da especulação, de Zé Furtado
Melhor curta-metragem de Animação – R$ 10 mil
O Gigante, de Luís da Matta Almeida
PRÊMIO AQUISIÇÃO CANAL BRASIL
O melhor curta de ficção ou animação em competição, selecionado pelo júri Canal Brasil, recebe o prêmio de aquisição no valor de 15 mil reais.
O Prêmio Aquisição Canal Brasil tem como objetivo estimular a nova geração de cineastas, contemplando os vencedores na categoria curta-metragem dos mais representativos festivais de cinema do país. Um júri convidado pelo Canal Brasil e composto por críticos e jornalistas especializados em cinema escolhe o melhor curta em competição, que recebe o troféu Canal Brasil e um prêmio no valor de R$ 15 mil. Além disso, o Canal Brasil exibe o curta vencedor em sua grade de programação e no site do canal (www.canalbrasil.com.br), que no final do ano concorre ao Grande Prêmio Canal Brasil de Curtas-Metragens, no valor de R$ 50 mil.
Júri: Ismaelino Pinto, Marcos Petrucelli, Daniel Schenker, Marcos, Rodrigo Fonseca, Cid Nader e Michel Toronaga.
Filme: A mão que afaga, de Gabriela Amaral Almeida
PREMIO DA CRÍTICA – JÚRI ABRACCINE
O júri formado por membros da Associação Brasileira de Críticos de Cinema optou por escolher apenas um longa e um curta-metragem, sem distinção de gêneros. O júri foi formado por Daniel Schenker (do Rio de Janeiro), Marcelo Miranda (de Minas Gerais), Yale Gontijo e Guilherme Lobão (do Distrito Federal), Sérgio Rizzo (de São Paulo), Fatimarlei Lunardelli (do Rio Grande do Sul) e Marco Antônio Moreira (do Pará).
Melhor Curta-metragem – Troféu Candango
Pelo rigor estético na construção de uma atmosfera de estranhamento, pela dramaturgia precisa e pela sensibilidade no enfoque da solidão, o troféu Abraccine vai para…
“A mão que afaga”, de Gabriela Amaral Almeida (SP)
Melhor Longa-metragem – Troféu Candango
Pela habilidade em tornar expressivos os recursos estéticos na abordagem do amadurecimento de uma adolescente que entra em contato com um universo contrastante ao seu, o troféu Abraccine vai para…
“Eles voltam”, de Marcelo Lordello (PE)
PRÊMIO MARCO ANTÔNIO GUIMARÃES
Troféu Candango – Conferido pelo Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro para o filme que melhor utilizar material de pesquisa cinematográfica brasileira
Filme: “Olho nu”, de Joel Pizzini
PRÊMIO TROFÉU SARUÊ
Conferido pela equipe de cultura do jornal Correio Braziliense.
Enquanto diversos programas de entretenimento se debruçam sobre o cotidiano braçal de empregadas domésticas, num plano rendido ao glamour e ao consumo fácil, uma visão diferenciada — plural e construída na união — se estabeleceu neste festival. Montando uma carga emocional única — aflorada em meio ao desgastante e pouco valorizado cotidiano de trabalho —, tanto a ilimitada entrega de intimidade, quanto o criativo processo fílmico saltam aos olhos em Doméstica. A equipe do Correio Braziliense atribui, portanto, o prêmio aos personagens — domésticas e realizadores — que compuseram o documentário de Gabriel Mascaro.
PRÊMIO VAGALUME
Troféu conferido por integrantes do projeto Cinema para Cegos
Melhor longa-metragem
Era uma vez eu, Verônica, de Marcelo Gomes
Melhor curta-metragem
A mão que afaga
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