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Reportagens

Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros

Lincoln é maltratado por Hollywood

Por Luiz Joaquim | 07.09.2012 (sexta-feira)

Com que grau de seriedade você iria encarar um filme cujo argumento lhe diz que a Princesa Isabel, aquela mesma que assinou a Lei Áurea em 1888 aqui no Brasil, era uma matadora de vampiros no estilo Wesley Snipes em “Blade” (1998)? E se esse mesmo filme tentasse te convencer de que o interesse da manutenção da escravatura no Brasil pelos fazendeiros existia porque, na verdade, aqueles fazendeiros eram vampiros que precisavam dos negros para chupar seu sangue impunemente?

Por esta última proposta o filme poderia até funcionar como uma boa metáfora para a escravidão, mas nem assim se salva o natimorto “Abraham Lincoln: O Caçador de Vampiros” (Abraham Lincoln: Vampire Hunter, EUA, 2012), dirigido e produzido por Timur Bekmambetov (de “Guardiões da Noite”) em cartaz a partir de hoje.

Da mesma forma como nossa princesa imperial, o primeiro presidente republicano dos EUA, Lincoln (1809-1895), foi o lider norte-americano que libertou definitivamente os negros da escravidão naquele país, tendo também que administrar uma Guerra Civil por quatro anos. Mas nada disso é de muito importância no roteiro de Seth Grahame-Smith feito a partir de seu próprio romance.

Aqui, o garoto Lincoln viu a morte da mãe e do pai promovida pelo vampiro Adam (Rufus Sewell). Assim como Batman, Abraham decide que um dia irá vingá-los matando o algoz. Antes, Lincoln estudo direito e conhece Mary (Mary Elizabeth Winstead) por quem se apaixona.

Mas, por conselho do amigo Henry (Dominic Cooper), que irá lhe ensinar a matar vampiros, Abraham precisa evitá-la pois, assim como o Homem-Aranha, ele não deve criar laços afetivos ou ela pode virar vítima dos vilões. Abraham, entretanto, casa com Mary, envolve-se com a política e torna-se presidente dos EUA enquanto, nas horas vagas, caça vampiros empunhando sua machadinha.

Mesmo tendo nascido para promover (ou melhor, distorcer) a História ou só para entreter a juventude norte-americana, é bem difícil entender que tipo de benefício um argumento como esse pode possuir. Mais difícil ainda é entender porque um lixo como este é distribuído nos cinemas do Brasil? Do ponto de vista cinematográfico, “O Caçados de Vampiros” é um amontoado de clichês cansados, ruins e mostrados de forma escura, salvando-se apenas uma perseguição num estouro de cavalos. Mesmo com a aparência de um videogame de alta-definição, o desenho da sequência consegue chamar a atenção.

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