X

0 Comentários

Artigos

Descompasso técnico

Câmera clara

Por Luiz Joaquim | 24.09.2012 (segunda-feira)

Nesse momento de tentativa de definição do melhor formato digital de projeção a ser adotado pelas salas de exibição no mundo inteiro, há um descompasso técnico com os filmes que são realizados hoje. É um descompasso pelo qual todos saem prejudicados, em particular os cineastas que promovem uma dedicação absurda na composição da imagem e do som na mais alta qualidade possível hoje (pelo sistema DCP, que vem se tornando o padrão), e sofre uma desilusão frustrante quando o filme é projetado abaixo de suas possibilidades artísticas. Aqui no 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (que encerra hoje), os títulos que foram disponibilizados para exibição em DCP têm sido prejudicados pelo sistema de projeção. Com imagem e som comprometidos, os próprios realizadores (a partir do 4º dia do evento – quinta-feira) decidiram optar por projetar no formato H264, que está um degrau abaixo das possibilidades de beleza de nuances que o DCP e sua resolução maior possibilitam. Como o fotógrafo de “Boa Sorte, Meu Amor”, Pedro Sotero, bem explicou em entrevista aqui em Brasília, num filme em P&B, por exemplo, a gradação na imagem do branco para o preto, e vice-versa, perde nuances na versão H264, enquanto no DCP era oferece uma riqueza dramática maior, o que vai influenciar no potencial de recepção estética e emotiva do filme. Se festivais de cinema no Brasil – aquele espaço onde a qualidade cinematográfica em todos os aspectos deveria estar em primeiríssimo lugar – não conseguem atender essa demanda tecnológica hoje, as salas de cinema tem um percurso ainda mais longo a percorrer. Enquanto isso, ficamos na torcida para a harmonia chegar o mais breve possível e todos (público incluso) serem atendidos como merecem, ou seja, de maneira correta.
——————————————–
PAULO EMÍLIO
Em exposição brilhante aqui no 45º Festival de Brasília no seminário sobre o pensador e ativista cinematográfico Paulo Emílio Sales Gomes (1916-1977), o professor Ismail Xavier (foto) resgatou vários de seus pensamentos. Num deles Paulo Emílio criava o conceito do crítico passivo e o ativo. O destaque é que para os filmes estrangeiros, o crítico de cinema no Brasil sofria da frustração de ser passivo. Ou seja, nada de suas apreciações iriam influenciar na carreira da obra estrangeira. Podia, muito rasteiramente, talvez, influenciar o distribuidor e o censos (no caso, na época da ditadura).

——————————————
VENEZA
O filme vencedor no recente Festival de Veneza, “Pietá” (foto), de Kim ki-Duk (mesmo de “Primeva, Verão, Outono, Inverno e… Primavera”) foi comprado pela distribuidora brasileira Califórnia. O filme será o representante sul-coreano na disputa por uma indicação ao Oscar 2013 de filme estrangeiro, e passa no Festival do Rio, que inicia nesta quinta-feira. Do Brasil, a sugestão oficial para briga pelo Oscar foi “O Palhaço”, de Selton Mello.

——————————————
FÉRIAS
o editor deste site entra de férias a partir dessa quarta-feira (26). Assim sendo, a coluna Câmera Clara só volta a ser atualizada no dia 29 de outubro de 2012. No jornal Folha de Pernambuco a coluna ganha um substituto – Hugo Viana – que ocupará o espaço nas segundas-feiras interinamente. Os interessados em enviar críticas, sugestões ou comentários neste período podem lhe escrever pelo e-mail hugoviana.folhape@gmail.com

Mais Recentes

Publicidade

Publicidade