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Reportagens

ParaNorman

Terror para criança ver

Por Luiz Joaquim | 07.09.2012 (sexta-feira)

O universo da animação no cinema avança a um patamar no qual, cada vez menos, é possível identificar problemas tecnicos ou mesmo categorizá-la (a animação) dentro deste seu universo. Já há mais de uma década que a animação computadorizada tridimensionalmente tornou-se recorrente. Hoje é quase uma regra. Nesse período também, filmes feitos a base de massa de modelar, ganhando movimento pela técnica do stop-motion, evoluíram a ponto de nem prestarmos mais atenção a esta técnica. O que, por si só, chama para os cineastas um outra responsabilidade: a necessidade de criar uma dramatização competente.

Hoje entra em cartaz “ParaNorman” (EUA, 2012), de Chris Butler e Sam Fell, um filme que brinda esse momento como nenhum outro no sentido de não só confundir a mente do espectador com sua supremacia técnica, mas também por emocionar por tema tão caro à infância. No caso, conviver com a morte e aprender a evitar erros pela ignorância causada pelo medo.

Fell, que já nos dera em 2009 o divertido “Por Água Abaixo” (2009, também em stop-motion) aprimorou tanto seu ofício em “Paranorman” que fica difícil nos primeiros momentos do filme entender que ali na nossa frente não está mais um desenho digital em 3D, mas sim criaturas com forma e volume reais, que se movimentam pela laboriosa ação de uma infinidade de fotografias sequências para dar a sensação do movimento. O prólogo que abre o longa-metragem, o telefilme “Laika”, com um stop-motion mais primário, parece até estar dando um recado que, sim, “ParaNorman” é mesmo um filme que segue essa técnica.

Quem assiste o terror “Laika” na TV é Norman, um garoto de 11 anos que conversa com os mortos. O que para ele é natural, claro, é uma aberração para todos que o cercam, inclusive seu pai que acha que tudo não passa de frescura. Na escola, Norman é maltratado e descriminado como esquisito. Seu único amigo é o também maltratado gordinho Neil.

É com Neil, o irmão mais velho e bobão dele, seu algoz da escola, e sua irmã adolescente que Norman irá salvar sua pequena cidade de uma maldição milenar. A maldição vem da de uma menina no século 18, quando fora queimada por ser acusada de bruxa pelo fato dela, como Normam, falar com os mortos.

A audácia de trazer um gênero (o terror) originalmente dos adultos para o universo infantil é de uma audácia enorme. E a dupla de cineastas não só acertou, como agregou um bela lição ao mostrar como as pessoas (adultos ou crianças) erram feio pelo desconhecimento de um determinado assunto. Nada melhor que zumbis para metaforizar o equívoco do preconceito (já foi assim no seminal “A Noite dos Mortos Vivos”, do mestre George Romero, em 1968 – ali o Zumbis eram os comunistas).

Em 2012, o recado que os zumbis de “ParaNorman” dão às crianças (e aos adultos) é que qualquer grupo oprimido – seja pela etnia, pela orientação sexual ou religiosa, ou condição social – merece respeito. Os zumbis em “ParaNorman” não querem machucar ninguém, querem apenas ser livres. Que todas crianças possam aprender com eles então.

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