36a. Mostra SP (2012) – 5
Cuba e Pernambuco, iguais?
Por Luiz Joaquim | 01.11.2012 (quinta-feira)
SAO PAULO (SP) – Tendo estreado nesta 36a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo na quinta-feira passada, o documentário “Pernamcubanos: O Caribe que Nos Une”, de Nilton Pereira, terá às 15h50 de hoje sua última exibição (de três) por aqui. Na verdade, a Mostra encerra esta edição hoje, deixando para a noite de amanhã uma única e especialíssima sessão de “Nosferatu” (1922), de Frtiz Lang, em cópia restaurada, com projeção a céu aberto no Parque Ibirapuera e acompanhado pela Orquestra Petrobrás Sinfônica e de coral.
Sobre “O Caribe que Nos Une”, ele fecha a participação de Pernambuco no evento que brilhou este ano com “Jardim Atlântico”, de Jura Capela, “ Boa Sorte, Meu Amor”, de Daniel Aragão, “Era Uma Vez Eu, Verônica”, de Marcelo Gomes, “O Som ao Redor”, de Kleber Mendonça Filho, e “Francisco Brennand”, de Mariana Brennand Fortes.
Com seu “Pernamcubanos”, uma co-produção da Casa del Caribe, TV Viva e Centro Cultural Luiz Freire, o diretor Nilton Pereira buscou ícones da cultura pernambucana e cubana que apontassem para uma confluência de diálogos. Fosse pela musica, pela dança, manifestações populares e crenças religiosas. A oportunidade surgiu quando o Festival del Caribe, em Santiago de Cuba, homenageou Pernambuco acolhendo 150 artistas do Estado brasileiro.
A amarração da narrativa fica por conta da visita e impressões da diretora cubana de teatro Fátima Patterson, que vem ao Recife, Zona da Mata Norte e outras regiões de Pernambuco, enquanto na terra de Fidel Castro a pernambucana Beth de Oxum relaciona as duas culturas.
Num formato tradicional, “Pernamcubanos” mescla as paisagens e culinárias da duas regiões, busca traços do Maracatu com o Cabido, enfatiza o candomblé como forte referencia religiosa nos dois lugares, alem de seu sincretismo com o catolicismo, e no campo da musica observa o interesse pelo bolero e o hip hop tanto lá quanto cá, além de procurar semelhanças entre o Frevo e a Conga.
“Pernamcubanos” é, no final, um documentário que não procura respostas, mas imagens para cobrir aquilo em que ele já acredita. O registro não oferece informação científica, do ponto de vista sociológico ou histórico, mas impressões dos próprios atores, atuantes hoje, nessas duas culturas.
É por assim dizer, um filme que olha com muito mais atenção para a cultura de matriz africana e suas derivações tropicalmente transformadas – guardando as sutilezas da identidade geográfica – do que para aspectos menos evidentes da cultura de Pernambuco e de Cuba hoje.
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