Curvas da Vida
Entre pai e filha
Por Luiz Joaquim | 23.11.2012 (sexta-feira)
A parceria de Robert Lorenz – diretor de “Curvas da Vida” (Trouble with The Curve, EUA, 2012) que estreia hoje – ao lado de Clint Eastwood já data 17 anos. Desde “As Pontes de Madison”, que o jovem realizador está ao lado da estrela durona de Hollywood como assistente de direção em seus projetos. Com “Curvas da Vida”, Lorenz assume pela primeira vez o comando de um projeto de Eastwood, que aqui produz e atua. O resultado é simples e bastante simpático.
Para quem conhece um pouco da história de vida do eterno durão, “Curvas da Vida” chega com um gosto extra dando mais dicas sobre o que hoje interessa a esse artista de história fascinante no curso do cinema mundial. “Curvas da Vida”, com roteiro de Randy Brown, pode ser resumido como é um acerto de contas entre pai e filha. É um assunto caríssimo a Eastwood, que passou muito tempo distante da primeira filha no passado.
Assim como em “Grand Torino” (2009), quando seu personagem vive afastado dos filhos, ou no anterior “Menina de Ouro” (2004), quando o treinador vê na jovem boxer uma filha para diminuir a solidão de sua velhice, Eastwood aparece aqui mais uma vez como um velho reclamão e ranzinza (e engraçado por isso). É um velho de valores rígidos, e por isso deslocado neste dias de hoje.
Com uma vida dedicada ao trabalho, Gus (Eastwood) é uma espécie de lenda como olheiro profissional que descobre futuras promessas nas escolas para serem contratados pelas ligas milionários do beisebol norte-americano. Acontece que ele está perdendo a visão e em função disso a filha, Mickey (Amy Adams, bem), dá uma pausa na carreira de advogada de sucesso para tentar ajudar o pai teimoso. Nesse reencontro forçado, as diferenças e frustrações dos dois são colocadas de frente, mas não sem muito sofrimento e revelações.
Exceto por uma “acelerada” na edição para correr com a introdução de um românce entre Mickey e o jovem olheiro Johnny (Justin Timberlake) – maculando o ritmo do filme -, “Curvas do Destino” transcorre no mesmo modo (bom) dos últimos dramas de redenção familiar dirigidos por Eastwood. O próprio ator falou em entrevista que se sentia muito à vontade calçando os sapatos de Gus e que o personagem era como uma extensão dele.
Não à toa, os momentos mais divertidos estão na rabugise de Gus, batendo de frente com a teimosia de Mickey. Quando ele reclama que a filha não se exercita, e ela responde que faz Yoga, Gus não perde tempo e responde, enquanto vê um jogo na TV: “Não sabia que estava envolvida com essas bruxarias”. Como não rir desse (com esse) velhinho provocador?
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