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Críticas

E Agora Aonde Vamos?

Filme de Nadine Labaki chega ao Recife

Por Luiz Joaquim | 30.11.2012 (sexta-feira)

Quem viu “Caramelo” (2007), da diretora franco-libanesa Nadine Labaki, sabe que seu olhar é bastante carregado, no bom sentido, pelos mistérios, poderes e limitações femininos. Estas questões fundamentam sua obra e não seria diferente com “E Agora, Aonde Vamos?” (Et Maintenant, On Va Où?, Fra., Lib., Egi., Ita., 2011), que estreia no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco hoje.

Há, entretanto, um novo elemento aqui, o político. Nadine nos coloca dentro de uma aldeia rústica, numa região remota do Líbano, onde a pequena comunicade dividida entre a fé cristã e islâmica vive geograficamente distante dos conflitos do País, mas os repete mesmo que por razões bobas. Cansadas de viver em luto pelo companheiros e filhos que perdem para as guerras religiosas, elas decidem isolar ainda mais a aldeia e distraí-los contratando dançarinas ucranianas que se apresentavam numa vila vizinha.

É convincente o micro-universo que Nadine cria para falar de razões filosóficas que levam ou podiam deixar de levar uma nação à guerra com bases na fé religiosa. Ela mesma, Nadine, é uma personagem, Amale, que cuida do aparente único espaço apartidário da aldeia. Um bar onde todos se encontram e se conhecem desde criança. É tempo suficiente de convivência para eles entendenrem as razões do outro e para perdoá-los. Mas eles não aprendem.

Com suas mulheres em dor, é com os boicotes delas e seus truques de sedução ajudadas pelas ucranianas, elas tentam primeiro esconder as armas dos homens, e depois mostrá-los que alguns nem sabem pelo que estão brigando. Por um certo ângulo, podemos ver no discurso de Nadine a história de Aristófanes, pela qual as mulheres praticavam a greve de sexo para que seus homens, espartanos e atenienses.

Mas, apesar da boa estrutura, “E Agora aonde Vamos?” agrega muitas reviravoltas e desequilibra alguns pontos dramáticos por um humor que insiste em querer encontrar seu tom em meio a tantos conflitos sérios. De qualquer maneira, é sempre comovente ver mulheres lutando por seus homens, ou por seu amor próprio, encarnado no amor familiar.

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