Mostra Cinema Canadense (2012)
O príncipio do cinema moderno canadense
Por Luiz Joaquim | 19.11.2012 (segunda-feira)
De hoje até sábado (24), na sala João Cardoso Ayres da Fundação Joaquim Nabuco (Derby), e segunda-feira (26) na Aliança Francesa, acontece a Mostra Cinema Direto Canadense. Com exibições gratuitas, o evento apresenta 20 obras, entre curta, média e longas-metragens – na maioria inéditos no Brasil – que representam os filmes pioneiros do cinema moderno canadense.
Pelas sessões, que acontecem sempre às 16h, 18h e 20h no Derby com obras essencialmente produzidas nos anos 1960 e 1970, o espectador poderá compreender em que contexto surgiu o cinema direto naquele país. Foi a partir dali que passaram a ser utilizados os primeiros equipamentos de som direto sincrônico e câmeras leves, mudando a maneira de construir documentários e, consequentemente, filmes ficcionais.
Foi quando preparou sua tese de doutourado no canadá que o professor Fernando Weller, curador da mostra, conheceu as produções do evento e teve a ideia de trazê-la ao Recife. “Nossa cidade produz aqui um tipo de cinema independe que tem afinidades estéticas e até políticas com o Cinema Direto. É interessante apresentar essa cinematografia e proporcionar ao público que gosta e faz cinema aqui esse diálogo entre mundos tão distintos como Brasil e Canadá”, diz.
Como destaque, a mostra traz “Meu Tio Antonie” (1971), de Jutra, filme eleito pela crítica canadense como o melhor filme do cinema daquele país, “Para Aqueles que Virão” (1962), de Brault e Perrault, primeiro longa-metragem canadense a ser exibido em Cannes e “O Gato no Saco” (1964), de Gilles Gruolx, longa ficcional sobre a crise política e existencial da juventude francófona canadense.
Na vertente anglófona, o destaque da mostra são os três primeiros longa-metragens documentais de Allan King, mestre do cinema observacional, ao lado Wiseman e Depardon. “Warrendale” (1967), “Marido e Esposa” (1969) e “Vamos lá, filhos” (1973) são exemplos únicos desse modo de cinema que descreve a fundo as relação humanas sem a intervenção do cineasta.
Para finalizar, a Mostra traz ainda um conjunto de curtas que compõem a primeira fase do Direto, promovida pelo National Film Board, desde o inaugural curta-metragem “Os Corredores de Raquetes de Neve” (1958), sobre uma hilária corrida na neve no interior do Quebec, a “Garoto Solitário” (1964), retrato da histeria e fascínio promovidos pela emergência da cultura pop nos anos 1960.
O evento encerra às 20h da segunda-feira (26) na Aliança Francesa com a luxuosa participação de Thomas Waugh. O professor e pesquisador da Universidade de Concórdia, em Montreal, é especialista nos estudos de Cinema e Sexualidade. Na palestra “O Cinema Direto em Montreal: Sex and the City” e analisará o raro filme “No Fim das Contas” (1963), de Claude Jutra – que exibie no mesmo dia e local, às 18h. A ficção é inédita no Brasil e é um dos marcos na história do cinema canadense. O filme reflete o contexto político e cultural dos anos 1960, a Revolução Sexual e a ousadia estética que estava em voga para uma geração de jovens cineastas. A palestra terá tradução simultânea e a entrada é franca.
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