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Críticas

O Enigma de Outro Mundo (1982)

Dia de gosmas e criaturas medonhas no São Luiz

Por Luiz Joaquim | 15.11.2012 (quinta-feira)

Se você perguntar a qualquer pessoal qual o grande filme de alienígena lançado em 1982 uma voz em uníssono irá responder “E. T.: O Extra-terrestre”, de Steven Spielberg. A resposta confere e ela é umas das razões pela qual “O Enigma do Outro Mundo” (The Thing, EUA, 1982), de John Carpenter, amargou um certo fracasso quando lançado naquele mesmo ano. O filme está na programação de hoje, às 22h no Cine São Luiz, do 5º Janela Internacional de Cinema do Recife.

Habituado a baixos orçamentos, o velho bruxo diretor de “Halloween” (1978) e “Fuga de Nova York” (1981) tinha nas mãos um bom dinheiro para criar a atmosfera perfeita para a nova roupagem que daria a “O Monstro do Ártico”, realizado 30 anos antes por Howard Hawks. E assim o fez.

Mas, aparentemente, a “coisa” vinda do outro mundo no filme de Carpenter não tinha como encontrar entusiastas no ano em que o seres de outros mundos eram bonzinhos. Afinal, em “Enigma…” ficamos acuados junto a 12 cientístas e operários no pesado inverno do Ártico, presos numa base de estudos do Estados Unidos e lá eles precisam lidar com uma criatura do espaço medonha que pode se transformar em uma cópia exata das suas vítimas e assumir o lugar deles.

Já no início, a violência explode com o homem enlouquecido, que tenta matar o cão raivoso e acaba morto para a perplexidade e desorientação dos cientístas e nossa, espectadores. Uma pena que, mesmo apoiado pela infra-estrutura do orçamento, e acompanhado por craques como o especialista em maquiagem Rob Bottin e o mestre Ennio Morricone – nos embalando por uma trilha sonora minimalista – a produção não tenha agradado o público nem a crítica da época.

As circunstâncias da época, entretanto, não impediram (talvez até tenha ajudado) a “O Enigma…” tornar-se uma produção cultuada ao ser lançado em home-video, e continuar assim até hoje pelos interessados num bom thriller que não nos poupa com situações grotescas. A metamorfose de uma das vítimas do alien, cujo tórax vira um buraco, ao mesmo tempo em que sua cabeça solta-se e foge com com pernas de inseto, é um desses exemplos.

O próprio curador do Janela, Kleber Mendonça Filho, já anunciou publicamente sua grande admiração pela obra de Carpenter, o que explica, entre outras razões, a presença do filme na programação do festival. A sessão de hoje num cinema deve provar que a obra não envelheceu. Torçamos.

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