A Escolha Perfeita
Ritmo que vem do gogó
Por Luiz Joaquim | 07.12.2012 (sexta-feira)
Música pop, jovens no campus universitário, festas e uma competição. Os itens soam quase como que uma fórmula infalível para montar um filme desprenteciosamente atraente para o público juvenil norte-americano – que é a classe de espectadores mais frequente nos cinemas. Se considerarmos o advérbio da falta de pretensão, então “A Escolha Perfeita” (Pitch Perfect, EUA, 2012), filme de estreia de Jason Moore (diretor da série “Dawson s Creek”), pode até passar como entretenimento aceitável.
Para ver o filme, entretanto, é preciso não se importar com a gritaria esganiçada, disfarçada de música, que os dois grupos protagonistas de “A Escolha Perfeita” berram nos 112 minutos de projeção. Eles são The Barden Bella, formado por meninas, e os Troublemakers (“Encrenqueiros”), formado por garotos.
Enquanto elas tentam ultrapassar a barreira da vergonha pela derrota no ano anterior, os garotos só aumentam a confiança, pretensão e arrogânca por serem reconhecidos como o melhor grupo do campus a fazer cover de música pop “a capela’; ou seja, quando imitam não só o vocal mas também sons de instrumentos da canção com a boca.
As meninas do Bella, ganham um reforço quando algumas calouras são convocados para a batalha. Entre elas Beca (Anna Kendrick, de “O Que Esperar Quando Você Está Esperando”) que sonha em ser DJ e produtora musical. Há também Amy Gorda, personagem da atriz Rebel Wilson (de “Quatro Amigas e Um Casamento”) que se auto-denomina gorda no filme. Junto a outras novatas “esquisitas”, elas vão treinar por meses, enquanto se estranham uma com o estilo da outra: uma oriental, uma homossexual, duas patricinhas, uma ninfomaníaca, a gorda desbocada e a outsider Beca.
O diretor Jason Moore tinha 15 anos quando o filme “O Clube do Cinco” (1985) foi lançado nos cinemas e certamente não exitou em carregar nessa história, adaptada do livro de Mickey Rapkin, as tintas do clássico de John Hughes. Isto porque a essencia deste “A Escolha Perfeita” (apesar de bem diluída) está naquilo que encorpa muito bem a obra dos anos 1980, que vem a ser: conhecer o outro para aceitá-lo.
Não à toa, os melhores (ou únicos bons) momentos aqui remetem explicitamente a “O Clube dos Cinco”, com o seu texto de encerramento, e à música “Don’t you (forget about me)”, do Simple Minds. Em resumo, é um filme que funciona apenas para fazer querer ver outro filme.
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