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Críticas

As Aventuras de Pi – texto 2

Ang Lee e o espírito do mundo

Por Luiz Joaquim | 21.12.2012 (sexta-feira)

Entre diversas variações de questões existenciais que o bom “As Aventuras de Pi” (Life of Pi, EUA/Chi., 2012) oferece, uma delas é a pergunta se os animais possuem alma. Neste novo filme que Ang Lee adapta do livro homônimo de Yann Martel – com estreia hoje no Recife -, o protagonista é um garoto indiano que crê nisso. Para Piscine, ou apenas Pi (interpretado pelo menino Gautam Belur, o adolescente Suraj Sharma, e o adulto Irrfan Kahn) basta olhar dentro dos bichos para saber que eles têm alma.

Mas seu pai, o dono de um zoológico pensa diferente e explica para o filho que o que se vê nos olhos dos animais é apenas o reflexo das emoções humanas de quem olha. A explicação serve perfeita como analogia para como o espectador irá receber o discurso deste filme, cujo tema geral cerca a dúvida sobre a existência ou não de Deus.

Pi cresce no zoológico do pai, que decide vender os animais para o Canadá. Na viagem de navio, o adolescente Pi acaba num bote salva-vidas em alto-mar com os animais que se salvaram, incluindo uma zebra, uma hiena, um macaco e uma tigre-de-bengala. Até chegar neste momento, Ang Lee prepara a emoção do espectador para uma sequência particularmente violenta na sequência do naufrágio, aproveitando muito bem (coisa rara) o efeito 3D.

Com mais da metade do filme concentrado na luta desesperada de Pi para sobreviver ao mar e ao tigre – chamado por Pi de Richard Parker – “As Aventura de Pi” intercala situações de angústia com outras de extrema beleza visual; e elas estão lá para reforçar questões sobre a espiritualidade e a conexão do homem a Deus, ou qualquer coisa que o retrate. Ao final do filme, o próprio Pi explica ao seu ouvinte: “Quem decide no que acreditar é apenas você”.

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