De Pernas pro Ar 2
O certeiro orgasmo feminino ou Alice no país das maravilhas
Por Luiz Joaquim | 28.12.2012 (sexta-feira)
O realizador Robert Santucci está com tudo e não está prosa, ao menos do ponto de vista do mercado exibidor de cinema. O cineasta coloca em cartaz hoje, pela distribuidora Paris Filmes, o seu “De Pernas pro Ar 2” (Bra., 2012), com Ingrid Guimarães. O filme chega com o impressionante número de 700 cópias que irá ocupar próximo de 1/3 das 2,5 mil salas existentes no País. É um um número sintomático que marca o mercado exibidor para filme nacionais.
Foram com 700 cópias que filmes como “Homem Aranha 2” (2004) e “Avatar” (2009) chegaram ao Brasil. O empenho por esta ocupação não é à toa, claro. O primeiro “De Pernas pro Ar”, também de Santucci, estreou em 31 de dezembro de 2010 e levou 3,5 milhões de espectadores às salas de cinema. Agora, no segundo semestre de 2012, Santucci também era o nome por trás do filme brasileiro campeão de público nos cinemas. Foi “Até que A Morte nos Separa”, cujo exito tem a marca de 3,6 milhões de espectadores.
Acreditando no tino do realizador e no sua afinação para truques discursivos com o gosto do público médio, a Paris Filmes preparou o lançamento grandioso, que também irá contar com um monumental trabalho marqueteiro de divulgação. Em resumo, para onde você se virar, neste final e início de ano, você ouvirá falar de orgasmo feminino e Alice (Guimarães), sua proprietária estressada.
Em 2011, a histórinha de Alice, que com a ajuda da vizinha Marcela (Maria Paula) descobre como relaxar por vibradores eróticos, agradou o público médio dos multiplex. A sequência, em particular, que provocava a curiosidade desse público mostra Guimarães atrapalhada com a calcinha que a estimula sexualmente de forma acidental num lugar inapropriado, como num jogo de futebol. A fórmula de humor, velha e já usada em mais de uma comédia de costumes de Hollywood, agora acontecia com a gíria carióóóca.
No filme 2, Alice já é uma empresária de sucesso no ramo sexual. Mas diante de tanta pressão, a saúde da mulher viciada em trabalho está prestes a ter um colapso, sem falar que mais uma vez ela põe em risco o casamento com João (Bruno Garcia). Depois de um desmaio na inauguração de sua 100ª loja, João a obriga a ir para um spa e ficar isolado do mundo. A questão é que a possibilidade de abrir uma loja em Nova Iorque abrevia sua estada de repouso. A empresária inventa uma viagem com a família aos EUA para relaxar, quando, na verdade, ela esconde do marido, do filho e da doméstica (Cristina Pereira) que está lá para se reunir com possíveis investidores americanos.
Se na narrativa que Santucci utiliza nos seus filmes já era possível enxergar de forma gritante a mesma estrutura que pauta as comédias norte-americanas, com marcação no roteiro para situações de falência, descoberta, confusão, virada de mesa e redenção – sendo todas estas etapas explicitamente marcadas. Agora, com seu “De Pernas pro Ar 2”, o cenário também é o da gringolândia. Cerca de 1/3 do filme tem locações em Nova Iorque, e as correrias de Alice, com a família a tiracolor, acontecem na mesma Big Apple das comédias românticas de tanto sucesso por aqui.
A diferença fica por conta do tronxo sotaque brazuca falado pelos personagens nos EUA. Na verdade serve como mais um mote para Santucci tirar proveito com o humor fácil por esse tipo de situação, que vem se tornando cada mais acessado pelos brasileiros da classe média. O segredo do sucesso de “De Pernas pro Ar 2”, explicando então, existe pela histórica cultura do brasileiro de rir de si próprio, aqui com Santucci reprocessando a fórmula mais que garantida da comédia de erros hollywoodiana. Para fazer dinheiro, não há como errar.
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