Detona Ralph
Sem vilão não há heroi
Por Luiz Joaquim | 14.12.2012 (sexta-feira)
Os filmes de férias para a molecada neste verão 2012/2013 prometem, se considerarmos estreias como “Detona Ralph” (Wreck-It Ralph, EUA, 2012), animação 3D do iniciante Rich Moore. Com apelo também para os adultos, “Detona Ralph” ganha a simpatia dos mais velhos pelo fato de tudo girar em torno do universo dos antigos fliperamas, ou jogos de videogames. E o jogo protagonista aqui é o ficticio game “Fix It Felix Jr”, prestes a completar 30 anos em 2012.
Em meio às comemorações celebradas pelos próprios personagens do jogo, o vilão, Ralph, entra em crise por nunca levar nenhum crédito, morar num lixão e não ter amigos. Numa ideia que lembra o filme “Tron: Uma Odisséia Eletrônica” (feito há exatos 30 anos), a história que nos interessa acontece mesmo quando a loja do fliper fecha e todos os personagens relaxam. Nenhum humano entra no jogo de Ralph, como no clássico filme de Steven Lisberger, mas Ralph foge do “Fix It Felix Jr” para tentar ganhar uma medalha em outro game que o faça ser reconhecido entre os seus.
O problema é que, se for aniquilado num jogo que não é o seu, o personagem não será regenerado. É o fim. Mas Ralph está decidido em provar que pode ser um herói, apesar de ter sido concebido como vilão. Na sua jornada ele vai parar no “Corrida Doce”, competição para meninas, na qual conhece a garotinha Vanellope, uma bug que não pode competir e vive à margem do jogo por ter nascido como uma falha no sistema.
Como nos filmes do gênero, “Detona Ralph” une os dois na jornada de descoberta a respeito de si próprio, e cria situações para que enxerguem a importância em assumirem aquilo que são, como nasceram para ser, ou seja: um vilão e um bug.
Os contrastes entre o game trintão do Ralph, ainda com resolução gráfica de oito bits (pixalizado, de bordas quadradas), com os jogos modernos, em que personagens parecem humanos, geram boas piadas. Da mesma forma que a participação especial de várias figuras clássicas deste universo, como o Pac-Man e o fantasma laranja; todos do jogo Street Fighter; Bowser, vilão do Super Mario Bros; e outros.
Apesar dos acertos, com um início muito humorado e o final comovente, “Detona Ralph” tem um “miolo” excessivo, com o típico volume de reviravoltas que mira o espectador mirim habituado à velocidade da TV. Por essa lógica, o ritmo do cinema se perde em “Detona Ralph”, que só é resgatado no final.
A Disney caprichou também – e aí muita atenção – no curta-metragem “O Ávido por Papel”, que abre o longa. Com traços elegantes, numa história sem diálogos e em P&B, situada nos anos 1950, há uma história de amor contada e embalada pelo vento e com aviãozinhos de papel. Delicado, comovente, e esteticamente belo.
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