
O Hobbit: Uma Jornada Inesperada
De volta à Terra-Média
Por Luiz Joaquim | 13.12.2012 (quinta-feira)

Sabe aquela aula, em que o professor lê o longo trecho de um livro num tom enfadonho distraindo a atenção dos alunos? Assim começa a pretensiosa nova trilogia de Peter Jackson, “O Hobbit: Uma Jornada Inesperada” (The Hobbit: An Unexpected Journey, EUA, 2012) que invade os cinemas do Brasil a partir de hoje. São dez minutos, contados no relógio, o tempo que leva para velho hobbit Bilbo (Ian Holm) introduzir ao amigo Frodo (Eliajh Wood) a história que lhe aconteceu há 60 anos.
Mas isso não tem a menor importância e não irá espantar a multidão de fãs que espera ansiosa para visualizar as aventuras que precedem a ação mostrada nos três filmes de “O Senhor dos Aneis”, levados ao cinema por Peter Jackson. A trilogia audiovisual surgiu entre 2001 e 2003 a partir dos três livro de J. R. R. Tolkien lançados nos anos 1950.
Estes fãs devem concordar, entretanto, que, ao contrário do denso romance original que gerou a primeira trilógia, e agregou com facilidade novos fãs ao universo da Terra-Média, a base que estrutura o prelúdio “The Hobbit” não tem estofo para segurar um longa-metragem de quase três horas, quanto mais um trilogia de nove horas – os dois próximos “The Hobbit: The Desolation of Smaug” e “The Hobbit: There and Back Again” já foram rodados e estão em pós-produção para lançamento em 2013 e 2014.
Dessa forma, a sinopse de todo o “The Hobbit” pode ser descrita numa simples frase: 14 baixinhos e um bruxo vão enfrentar um dragão para resgatar a montanha onde moravam. Acontece que neste primeiro “Uma Jornada Inesperada” a luta contra o dragão Smaug nem chega a se realizar. Temos de esperar dezembro de 2013.
O que temos aqui é apenas a convocação feita por por Gandalf (Ian McKellen) para que Bilbo, 60 anos mais novo (o muito bom Martin Freeman, da série “The Office”) aceite unir-se a missão dos 13 anões na luta pela montanha. A sequência da convocação, na pequena casa de Bilbao, é um exemplo da ideia de engabelamento pelo qual passa o espectador. O que poderia ser bem resolvido cinematograficamente em cinco minutos, dura aqui cerca de 15.
Até chegar lá ao seu destino, os aventureiros baixinhos lutam contra orcs, trolls e goblins. Para quem não sabe, são todos monstros grandes e feios que quando chateados (e eles sempre estão chateados) fazem GRRUARR!!!. No caminho, o grupo ainda tem tempo de encontrar personagens queridos dos fãs como Elrond (Hugo Weaven), Galadiel (Cate Blanchett) e Saruman (acreditem, Chritopher Lee, aos 90 anos na ativa).
O grande momento do filme resume-se, no final das contas, ao encontro de Bilbo com Gollum (Andy Serkis). O homenzinho magrelo e cavernoso, com sua dúbia personalidade, é a criatura mais complexa de todo o universo de Tolkien, ao menos do ponto de vista cinematográfico. Por ele, “Uma Jornada Inesperada” mantém alguma dignidade, e mostra que a renovação dos efeitos CGI podem servir para o bem do entretenimento. Mas só graças ao precioso Gollum. Em tempo: a versão do filme com 48 frames por segundo não foi mostrada à imprensa brasileira.
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Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel (2001)
Era grande a expectativa dos fãs pela chegada aos cinemas da história de J. R. Tolkien, vinda pelas mãos de Peter Jackson. À época, o diretor neozelandês era conhecido apenas pelo perturbador “Almas Gêmeas”, que lançou Kate Winslet. No enredo do primeiro filme da trilogia, Jackson oferece imagens impressionantes pela geografia fantástica da chamada Terra-Média. Lá, um hobbit (seres de estatura entre 80 cm e 1,20 m, com pés peludos e bochechas um pouco avermelhadas) recebe de presente de seu tio um anel mágico e maligno que precisa ser destruído antes que caia nas mãos do mal. Ao lado do hobbit Frodo (Elijah Woods) estão outros baixinhos, um elfo, um anão, dois humanos e um mago, totalizando nove pessoas que formarão a Sociedade do Anel.
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O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (2002)
Aprovado pelos fãs, com um filme inicial recordista de bilheteria e carregado de Oscars (levou quatro estatuetas com o primeiro filme), Jackson lança a segunda parte da série no ano seguinte, prometendo mais frisson entre os adoradores de Tolkien. A história segue com a captura de Merry e Pippy pelos orcs, e a Sociedade do Anel é dissolvida. Enquanto que Frodo e o amigo Sam seguem sua jornada rumo à Montanha da Perdição para destruir o Anel, Aragorn, Legolas e Gimli partem para resgatar os hobbits sequestrados.
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O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (2003)
Com mais dois Oscars no bolso, pelo filme 2, Jackson já era visto como um ícone da indústria cinematográfica. O terceiro filme chegou sob os olhares curiosos não só dos fãs, mas daqueles loucos por efeitos especiais no cinema. Isso porque os estúdios vendiam a ideia de revolução na composição de Gollum (criada a partir do ator Andy Sarkins numa roupa). O feioso personagem digitalizado repetia a fala “Minha preciosa” – quando se referia ao anel -, que virou bordão no mundo inteiro. A trama encerrava com Sauron planejando um grande ataque a Minas Tirith, capital de Gondor, o que faz com que Gandalf e Pippin partissem para o local na intenção de ajudar a resistência. Um exército é reunido com a tentativa de deter as forças de Sauron. Enquanto isso Frodo, Sam e Gollum seguem sua viagem rumo à Montanha da Perdição, para destruir o Anel. Depois desse filme (que levou 11 Oscars, incluindo melhor filme), Jackson virou sinônimo de competência no cinema para efeito especiais.
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