16ª Tiradentes (2013) – abertura
Tiradentes discute um Brasil maior
Por Luiz Joaquim | 19.01.2013 (sábado)
Devem ser poucos aqueles que questionam a Mostra de Cinema de Tiradentes como o mais importante cenário de reflexão e exposição para o cinema contemporâneo brasileiro. Ontem, com a primeira exibição de “Onde Borges Tudo Vê,” longa-metragem paraibano de Taciano Valério, a mostra deu partida a sua 16ª edição. Mesmo sem o caráter competitivo ser o mais importante aqui, a mostra mineira promove a seção “Aurora” (que exibe até o terceiro longa do realizador), reunindo uma seleção de sete títulos que disputam o troféu “Barroco”.
O tema desta edição chama a atenção para a descentralização das produções – não foi a toa que a obra paraíbana abriu esta edição -, e cinco dos sete filmes são documentários: “Flutuantes”, de Rodrigo Savastano, “Matéria de composição”, de Pedro Aspahan, e
“Nas minhas Mãos eu Não quero Pregos”, de Cris Ventura; além de “Os dias com ele”, de Maria Clara Escobar, e “Ventos de Valls”, de Pablo Lobato. Na linha ficcional estão o realizado em Caruaru e inédito “Ferrolho”, também do paraibano Taciano Valério, com o a cearense “Linz – Quando todos os acidentes acontecem”, de Alexandre Veras.
As questões sobre descentralização da produção, comentou o curador Cléber Eduardo, partiu do próprio painel da mostra “Aurora” do qual cinco filmes são fora do eixo Rio-São Paulo. E a discussão sobre o assunto vai além dos filmes exibidos nas diversas seções do evento, abarcando também seminários.
Este ano, a Mostra de Tirandentes homenageia a atriz paranaense Simone Spoladore. A cidade vai rever alguns de seus filmes mais recentes, como “Sudoeste”, de Eduardo Nunes, e “Elvis & Madona”, de Marcelo Lafite. Ainda na pauta o inédito “Nove Crônicas para Um coração aos Berros”, de Gustavo Galvão.
Sobre “Onde Borges Tudo Vê”, exibido ontem, o enredo remete-se ao poeta Jorge Luis Borges, ícone da literatura latino-americana. No filme, Napoleão (Everaldo Pontes) é um cego dono de um hamster de nome Borges e amante do legado do escritor argentino, do qual diz guardar uma obra escrita que ninguém no mundo possui. Acompanhe a cobertura da 16ª Mostra de Tiradentes pela Folha de Pernambuco a partir de segunda-feira.
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