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Festivais

16º Tiradentes (2013) – dias 1 e 2

Tiradentes olha para as bordas

Por Luiz Joaquim | 21.01.2013 (segunda-feira)

TIRADENTES (MG) – Um dia após a abertura da 16a. Mostra de Cinema de Tiradentes, que ocorreu no noite de sexta-feira, o evento promovido pela Universo Produção – que abre a temporada de festivais do gênero no País – mostra o porquê de sua fama como o mais empolgante para atualizar e expandir as reflexões sobre o cinema brasileiro contemporâneo.

Na manhã de sábado, os cineastas Dellani Lima (MG), Ana Johann (PR), Guto Parente (CE), Ivo Lopes Araújo (CE) e o Silvio Da Rin (RJ) compuseram a mesa na primeira parte (a última será na sexta-feira) do seminário “Fora do Centro”, tema que norteia o conceito para esta edição da mostra.

Com o mote “Procedências de Produção” para esta primeira conversa, Da Rin, ex-Secretário do Audiovisual do MinC, foi quem abriu a exposição. Lembrou que a independência fora do centro (entenda-se “centro” como o Rio de Janeiro e São Paulo) começou há mais de 30 anos, ainda pela Embrafilme (estatal produtora e distribuidora de filmes nacionais, fechada em 1990).

“Já naquela época, brigava-se por recursos nas regiões”, disse, E citou Glauber Rocha: “Não se pode fazer cinema no 3o. mundo sem fazer política”, para salientar que os cineastas precisam se fortalecer por instituições locais, assessorados por um conselho, para assim entender e ultrapassar as brechas dos burocráticos editais.

A paranaense Johann lembrou de sua trajetória e citou seu documentário, “Um Filme para Dirceu”, na qual a própria obra explicita o calvário para conseguir recursos locais e viabilizá-lo. “A visibilidade que o filme ganhou me ajudou a começar meu quarto filme. Vou rodá-lo em 20 dias”, disse.

Já Dellani Lima destacou o conceito de “Circuito Afetivo” como uma alternativa de escoamento às produções alternativas. “isso não é nada novo. Os fanzines já faziam isso e sobreviviam assim, alcançando seu público específico. É preciso entender esse público que consome pela internet. Nela há dois nichos, o blockbuster, derivados da midia tradicional (TV e jornais), e o outro, que é o da guerrilha. Se bem trabalhado, vai alcançar apreciadores”.

Guto Parente e Ivo Lopes chamaram a atenção para o fato de que o cinema amador não pode ser relacionado a cinema de baixa qualidade técnica. “Na avaliação dos projetos que concorremos nos editais do Ceará, há uma distorção do conceito. Quando propomos um orçamento, eles questionam por que estamos pedindo dinheiro se já fazemos bem sem dinheiro, enquanto o racionínio devia ser o inverso. Se já fazemos bem sem dinheiro, então faremos ainda melhor com recursos”, desabafou Parente.

FILMES – A tarde do sábado viu a estreia do primeiro longa-metragem de Gustavo Galvão, “Nove Crônicas para Um Coração aos Berros”. Com um elenco de peso, que incluía a homenageada Spoladore, além de Júlio Andrade, Leonardo Medeiros e Marat Descartes. No enredo, diversas situações com vários personagens em decadente crise pessoal, profissional e sexual, tentam saír da prisão que é a própria vida. A noite viu a projeção do pernambucano “Eles Voltam”, de Marcelo Lordello.

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