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Festivais

16º Tiradentes (2013) – noite 5

Cinema em função da música

Por Luiz Joaquim | 24.01.2013 (quinta-feira)

TIRADENTES (MG) – “Matéria de Construção” foi o segundo longa-metragem exibido no segmento competitivo Aurora da 16a Mostra de Cinema de Tiradentes. Foi exibido na noite de terça-feira e tem também Minas Gerais como origem, tal qual o anterior “Ventos de Valls”, mostrado segunda-feira.

“Matéria de Composição” é o primeiro longa dirigido pelo localmente reconhecido técnico de som Pedro Aspahan e o alvo aqui está mais na melodia que na imagem. O documentário, em tom de ensaio, procura investigar a relação de três compositores de música brasileira erudita e contemporânea no fazer de um trilha sonora.

Por essa investigação, vamos acompanhando todos os passos – composição, ensaios, concerto, gravação, mixagem – até chegar ao resultado final da criação musical alcançado pelos três artistas convidados.

As imagens a serem cobertas por estas composições consistem num registro com cerca de cinco minutos de um casa sendo demolida. Com seu filme, Aspahan quer nos colocar o mais próximo possível da ebulição criativa que passa pela cabeças dos compositores quando fazem relações entre as imagens mostradas e os sons que podem representá-las. Dando um novo sentido.

A priori extremamente atraente como registro da criação musical, de uma trilha-sonora mais especificamente, “Matéria de Composição” parece pecar pelo excesso. Um termo dito por um realizador por aqui, “fetiche pela imagem”, ou seja, a crença de que a imagem por si só é suficiente, traduz um trecho do longa-metragem mineiro.

Acontece quando a câmera, por cerca de dois (ou mais) longos minutos fixa-se num maestro sentado, imóvel, assistindo algo (ou apenas pensando). E só. Este e outros excessos sobram dando a sensação de que o formato de um curta-metragem ou media para a TV ajudariam na fruição de “Matéria de Composição”.

CURTAS – Logo depois, a série 2 do seguimento Foco mostrou quatro curtas-metragens inéditos. Com destaque para o divertido “Meu Amigo Mineiro”, feito pelo cearense Victor Furtado (com o mineiro Gabriel Martins), e o belo, rigoroso e preciso “Frineia”, da carioca Aline Portugal.

É belo pela leveza com que aborda um tema intraduzível chamado “amor”, é rigoroso pela opção não naturalista em construir sua narrativa, e é preciso por atingir em cheio o espectador com um texto fatal (que inclui Rainer Maria Rilke) que se reforça no uso certeiro da imagem. O assunto em questão: o estatuto do amor no relacionamento de um casal e sua intrínseca importância no sentido da vida.

A parte desagradável da noite ficou por conta da exibição interrompida do curta “Alguém no Futuro”, do cearense Salomão Santana. Denso e introspectivo, questionando as conexões entre a vida no passado e presente, o filme foi brecado em seu momento mais delicado, e retornou com outra configuração, demolindo a preparação para o diálogo final. A organização do Mostra comprometeu-se com uma nova exibição.

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