16o Tiradentes (2013) – noite 6
Pernambuco bate um bolão em Minas
Por Luiz Joaquim | 26.01.2013 (sábado)
TIRADENTES (MG) – Na noite de quarta-feira, o Central, time de futebol caruaruense, atingiu a glória no campeonato pernambucano, ao menos no longa-metragem “Ferrolho”, de Taciano Valério, que estreou aqui na 16a Mostra de Cinema de Tiradentes.
Rodado em Caruaru, com equipe essencialmente de lá e da Paraíba, a produção aproxima-se da estética do chamado Cinema Marginal – feito por Rogério Sganzerla, Andrea Tonacci, Ozualdo Candeias – e dos personagens consagrados por Cláudio Assis (outro caruaruense), sempre sanguínios e virulentos, quase selvagens.
Há, porém, a marca de Taciano no filme, cujo enredo que acompanha o torcedor do Central (Paulo Philippe, ótimo) – que é também um incomum e famoso criminoso na cidade do Agreste – abre canais para questionar e repensar não apenas a cultura urbana e social da cidade como também seu aspecto mais regional. Aqui o barro é um elemento determinante do ponto de vista da criação e da contestação política.
Comunicativo e tendo agradado em Tiradentes, “Ferrolho” veio para repensarmos o conceito do cinema Pernambucano como oriundo unicamente do Recife. A presença em Tiradentes é mais que pertinente, cujo tema é o “Cinema Fora do Centro”. Também no elenco de “Ferrolho” estão Everaldo Pontes, Zezita Matos e Veronica Cavalcanti.
CURTA – Outra estreia pernambucana foi o curta-metragem “Retrato”, de Adelina Pontual. No filme, o segunda da trilogia iniciada com “O Pedido” (1998), Adelina retrata uma crise numa personagem feminina que completa 53 anos (Nilza Lisboa) e rebela-se para sair do enquadramento de uma personalidade estereotipada com a qual viveu.
Em entrevista coletiva ontem pela manhã, Adelina revelou a influência de Antonioni sob sua criação, tendo a incomunicabilidade como tema norteador para problematizar a identidade.
Destaque também no mesmo programa a exibição tensa do curta paraibano “Cova Aberta”, de Ian Abé cuja construção da tensão está (bem) apoiada no filme “Encurralado”, de Steven Spielberg. A inteligência de Abé está não só construção estética do filme de gênero, mas nas sua conversão para questões regionais.
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