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Críticas

O Último Desafio

Como nos velhos tempos

Por Luiz Joaquim | 18.01.2013 (sexta-feira)

Os espectadores trintões e quarentões já podem se espraiar nas salas de cinema. Velhos conhecidos estão voltando às telas. Mais do que os atores em si, com seus personagens conhecidos em sucessos de ação dos anos 1980 – como Bruce Willis, que dia 22 de fevereiro retorna como John McClane em “Duro de Matar: Um Bom dia para Morrer” – temos obras novas em folha, com situações atualizadas, mas sob a mesma atmosfera de 30 anos atrás. Ou seja, o argumento que impera é o da porrada, com as figuras do bem e do mal absolutamente definidas no enrendo. Deixam, assim, o espectador tranquilo para se divertir como uma criança de seis anos que tem a certeza de que sue pai é o herói perfeito. No caso de “O Última Desafio” (The Last Stand, EUA, 2013), dirigido pelo sulcoreano Kim Jee-Wong, o pai perfeito a ser seguido é Arnold Schwarzenegger.

Nos últimos anos, Schwarzenegger atendia por “The Governator” (em menção ao título original, “The Terminator”, para “O Exterminador do Futuro”). O apelido era por conta do período – entre 2003 e 2011 – que esteve a frente do do governo da Califórnia em dois mandatos. Finda a carreira política, que envolveu a separação da esposa Maria Schiver (da família Kennedy) com quem viveu 25 anos, o brutamontes decidiu retornar ao que faz melhor. Dar porrada.

“O Último Desafio” é o primeiro filme protagonizado por Arnold desde “O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas” (2003). Durante o mandato na Califórnia, apareceu só em pequenas pontas, como em “Volta ao Mundo em 80 Dias: Uma Aposta Muito Louca” (2004) e “Os Mercenários 1 e 2” (2010, 2012). Apesar do título “O Última Desafio” não será sua derradeira aparição. Aos 65 anos, Schwarzenegger ainda deve protagonizar “The Tomb” (em setembro) e “Ten” (janeiro de 2014). Fala-se ainda em “Trigêmeos”, continuação para “Gêmeos”, comédia que fez em 1988 com Danny DeVito, e também se fala em “O Exterminador do Futuro 5”.

As aventuras “The Tomb” e “Ten” devem seguir a clássica ideia que vemos em “O Último Desafio”. Aquela de que um homem honrado e determinado pode fazer toda a diferença. Era assim nos anos 1980. No filme em cartaz hoje, o ex-fisioculturista é Ray, o xerife de uma minúscula e tranquila cidade na fronteira com o México. Junto a sua equipe de três policiais, o gorducho Mike (Luis Guzmán), a jovem Sarah (Jaimie Alexander) e o inesperiente Jerry (Zach Gilford), o xerife vai precisar deter Gabriel (Eduardo Noriega) o segundo homem mais poderoso do cartel de drogas da América Latina.

Como reforço para a batalha anunciada, Ray convoca o ex-militar bom de briga Frank (Rodrigo Santoro) e alucinado por armar Jerry (Johnny Knoxville). Após engabelar o FBI – cujo responsável é interpretado pelo ótimo Forest Whitaker – e até a Swat, o bandido segue para a cidade do Xerife dirigindo um carro a 317 quilômetros por hora, por ser “mais rápido que um helicoptéro”, justifica. Mas, a razão dessa máquina em cena é, na verdade, para render ótimas sequências de perseguição envolvendo ora um helicóptero, ora um Camaro vermelho. Em destaque a cena no campo do milharal.

De um modo geral, “O Último Desafio” aproveita muito bem o espírito oitentista de filmes de ação. O roteiro é enxuto, objetivo, eficiente. Todos os personagens “do bem” inspiram simpatia (Santoro tem pouco espaço), e os “do mal” são impiedosos – atenção na aparição de Harry Dean Stanton como um velho fazendeiro em seu trator. Não há o que pensar no filme, apenas sentir e se deixar levar. Sem culpa, sob a sombra paternal do herói Schwarzenegger.

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