85º Oscar (2013) – premiação
Previsões contempladas pelo Oscar 2013
Por Luiz Joaquim | 26.02.2013 (terça-feira)
Não é de hoje que a festa do Oscar é motivo de piadas, apostas e brincadeiras dentro e fora do mainstream do cinema. Nos últimos quatro anos, a cerimônia de entretenimento vista pela TV por mais de um bilhão de espectadores ao redor do mundo talvez só perca em audiência para as piadas a respeito da própria festa nas redes sociais virtuais. Numa época em que as gracinhas postadas no Twiiter e Facebook chamam mais atenção que ver a cerimônia ao vivo em si, a vitória (esperada) de “Argo” como melhor filme, não acrescenta muito sobre Hollywood, nem sobre o filme, nem sobre a cerimônia.
O prêmio principal, assim como os de roteiro adaptado e montagem levados por este filme de Ben Affleck são importantes, em primeira instância, para o mercado. Para a futura comercialização do produto ao circuito de home-video e TV dos países que ainda não o iniciaram. A mesma lógica funciona para “As Aventuras de Pi”, que poderá estampar no seu blu-ray o número “4” bastante grande ao lado da imagem da estatueta. Elas representarão os prêmios de direção para Ang Lee (seu segundo na categoria depois de “O Segredo de Brokebake Mountain, 2006), pela fotografia, efeitos especiais e trilha sonora. Esta última consagrada ao ótimo canadense Mychael Danna, que depois de uma longa estrada foi prestigiado nesta sua primeira indicação ao Oscar (também levou o Globo de Ouro há um mês).
Na sequência de contagem de prêmios, quatro obras dividiram-se nesta 3ª colocação com dois Oscars cada um. A história do presidente abolicionista norte-americano “Lincoln”, deu o prefisível terceiro homenzinho dourado a Daniel Day-Lewis (já levou por “Meu Pé Esquerdo”, 1989, e “Sangue Negro”, 2007). O outro prêmio para o filme de Steven Spielberg ficou merecidamente com a sua meticulosa direção de arte. “Lincoln” era forte candidato ao prêmio de figurino, mas perdeu para a nova versão sobre a Obra de Tolstoi, “Anna Karenina” (inédita na Brasil), de Jim Wright, com Keira Knightley no papel que já foi de Greta Garbo em 1935.
O musical “Os Miseráveis” também saiu com as duas mãos ocupadas pelo troféu. Uma delas foi a de Anne Hathaway, pelo seu unaninemente elogiado papel coadjuvante. A outra mão foi a do mixador de som. Já “007: Operação Skyfall” fez bonito no ano em que se comemorou o cinquentenário do agente secreto britânico mais famoso do mundo. Saiu duplamente premiado, coisa rara para um “Bond-filme”, pela canção tema (já mais tradicional no Oscar) defendido pela cantora Adele, e pela edição de som.
Neste último prêmio, dividiu com “A Hora Mais Escura”, de Kathryn Bigelow. Este é o sexto empate nos 85 anos do Oscar, tendo o primeiro acontecido em sua 5ª edição da festa (1931/32). Ali, Fredric March foi o melhor ator por “O Médico e o Monstro” e Wallace Beery por “O Campeão”. Já o empate anteriou aconteceu em 1994 , com dois curtas-metragens de ficção: “Trevor” e “Franz Kafka s Its a Wonderful Life”.
A franquia do espião Bond, à propósito, foi celebrada com um clipe mostrando momentos marcantes neste seu meio-século de existência. O crítico comentarista Rubens Ewald Filho, no canal TNT, fez o pertinente comentário de que seria a ocasião perfeita para a cerimônia reunir no palco os intérpretes oficiais do 007 – Sean Connery, Roger Moore, Timothy Dalton, Pierce Brosnan, Daniel Craig -, todos vivos e saudáveis.
Quentin Tarantino também teve seu “Django Livre” convocado por duas vezes para subir ao palco do Dolby Theater na noite de domingo último. Numa delas, o próprio Tarantino foi receber pelo roteiro (é seu segundo Oscar na mesma categoria), depois de “Pulp Fiction”, 1995. Antes, o ator Christoph Waltz subiu lá e pegou sua segunda estatueta (na mesma categoria) de coadjuvante. A primeira foi há três anos por “Bastados Inglórios”.
Waltz nasceu na Áustria, mesmo país que produziu “Amor”, de Michael Haneke, vencedor do prêmio de melhor filme em lingua estrangeira. Ainda na categoria “previsível”, graças as massissas dicas da mídia norte-americana (mas não necessariamente justa), a atriz de 22 anos Jennifer Lawrence levou o único prêmio das oito indicações recebidas por “O Lado Bom da Vida”. Nervosa ao subir no palco, tropeçou nos degraus, caiu e teve presença de espírito no agradecimento: “Vocês me aplaudem de pé pelo desconforto de me verem no chão, certo?”, disse sorrindo. Ao final da cerimônia, o discurso nervoso de Ben Affleck fez menção a sua própria carreira difícil: “Não importa o quanto você caia, o importante é levanter-se”. Parecia, ironicamente, um recado para Jenniffer Lawrence.
O apresentador Seth Macfarlane, vendido como cerimonialista moderno do Oscar, teve sua principal produção nesta função brincando com o Capital Kirk (William Shatner), de “Jornada nas Estrelas”. O comandante estelar apareceu num vídeo, “do futuro”, mostrando como teria sido a repercussão na mídia sobre MacFarlane como apresentador. Apesar de algumas piadas picantes, a idéia mostrou-se longa e enfadonha, uma tradição do Oscar.
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OSCAR 2013 – PREMIADOS
Filme: “Argo”, de Ben Affleck
Diretor: Ang Lee (“As aventuras de Pi”)
Atriz: “Jennifer Lawrence (“O lado bom da vida”)
Ator: Daniel Day-Lewis (“Lincoln”)
Atriz coadjuvante: Anne Hathaway (“Os miseráveis”)
Ator coadjuvante: Christoph Waltz (“Django livre”)
Roteiro original: “Django livre”
Roteiro adaptado: “Argo”
Filme estrangeiro: “Amor”, de Michael Haneke (Áustria)
Fotografia: “As aventuras de Pi”
Montagem: “Argo”
Figurino: “Anna Karenina”
Maquiagem e penteado: “Os miseráveis”
Documentário: “Searching for Sugar Man”, de Malik Bendjelloul
Longa de animação: “Valente”, de Mark Andrews, Brenda Chapman e Steve Purcell
Efeitos especiais: “As aventuras de Pi”
Trilha sonora: “As aventuras de Pi”
Canção original: “Skyfall”, de “007 – Operação Skyfall”, de Adele
Direção de arte: “Lincoln”
Curta-metragem de ficção: “Curfew”, de Shawn Christensen, “Paperman” (animação) e “Inocente”, de Sean Fine e Andrea Nix (documentário)
Mixagem do som: “Os miseráveis”
Edição de som: “007 – Operação Skyfall” e “A hora mais escura” (empate)
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