Não foi apenas “O Som ao Redor”, de Kleber Mendonça Filho, o premiado e bastante comentado filme pernambucano em outubro de 2012 na 36ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Um documentário que chegou discreto sobre um artista discreto também entrou na roda de conversas dos especialistas em cinema e acabou recebendo na ocasião o Prêmio Itamaraty de melhor documentário, além do mesmo título concedido pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Hoje, como parte integrante das comemorações do 476º aniversário do Recife, o longa-metragem “Brennand”, de Mariana Brennand Fortes, tem sua primeira exibição pública (para convidados) no Estado. É às 21h no cinema São Luiz.

Em enxutos 75 minutos, o documentário apresenta o universo particular do pintor, escultor e ceramista pernambucano Francisco Brennand, que aos 85 anos decide romper o silêncio para revelar os segredos de sua arte e sua vida dentro da Oficina Brennand. Por ocasião da cobertura jornalística da Folha de Pernambuco à 36ª Mostra de SP, o jornalista André Dib comentou, a partir do filme, que Brennand construiu “um universo próprio, à parte da vida cotidiana, ao manipular o tempo e evocar a eternidade. Com fotografia de Walter Carvalho, direção de arte de Daniela Pinheiro e narração de Hermila Guedes, o documentário expõe a intimidade do artista, recluso há quatro décadas no bairro da Várzea”.

Ainda segundo o crítico, “o filme promove uma imersão no universo particular de Brennand sem depoimentos ou didatismos, no que pode se tornar seu retrato definitivo no cinema”. Em seu texto, Dib explicava que, ao saber que Mariana, sua sobrinha-neta, queria fazer um filme sobre ele, o artista confiou a ela um diário iniciado em 1948. “Da vida, ressalta-se as mulheres que serviram de inspiração para as pinturas, e a relação com o pai, Ricardo, de quem recebeu as chaves da oficina em 1978”, relata. “Brennand é um artista muito erudito, ligado à filosofia e mitologia. Isso cria um distanciamento natural, que procurei contornar”, comentou Mariana à época da Mostra de SP.

Outra curiosidade, “além do diário, que serviu de base para a narração, em sua pesquisa a diretora encontrou preciosos rolos de super 8, que entre outras situações interessantes, mostram a construção da cidadela”, adiantou à Folha em outubro. Os curiosos do Recife sobre “Brennand”, o documentário, não precisam esperar muito. O filme entra em cartaz no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco dia 22 de março.