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Críticas

Dezesseis Luas

Sobre hormônios juvenis de uma bruxa e um humano

Por Luiz Joaquim | 01.03.2013 (sexta-feira)

Sempre foi assim. Para o bem ou para o mal, o cinema eventualmente apresenta um arrasa-quarteirão e dele nascem vários sub-filhotes. Exemplo: “Tubarão” (1975), de Spielber rendeu “Orca” (1977), de Michael Anderson; “Piranhas” (1978), de Joe Dante; e ainda houve a versão brasileira “Bacalhau” (1975), de Adriano Stuart. Hoje chega ao Brasil a novo “cria”, que surge no esteio do sucesso da saga “Crepúsculo” (2008-2012). Chama-se “Dezesseis Luas” (Beautiful Creatures, EUA, 2012) e, ao invés de o amaldiçoado ser ele, é ela. No caso a bruxa adolescente Lena (Alice Englert).

Assim como na saga do vampiro bonzinho, a estranha menina do colegial atrai um “trouxa”, ou melhor, um humano, que por ela se apaixona. Ele é Ethan (Alden Ehrenreich), que sofre hostilidades bruxais da família da moça. Entre eles o tio Macon, vivido por Jeremy Irons, e a mãe Sarafine, por Emma Thompson (ambos de divertindo aqui). É uma família com fama de estranha na pequena cidade onde vivem rechaçados por serem satanistas. Mesmo assim, Ethan insiste em querer conhecer Lena, a quem já vira, literalmente, em seus sonhos.

O amor florece e, naturalmente, os jovens decidem confrontar a maldição que se concretizará quando Lena, em breve, completar 16 anos e se tornará uma “conjurada” definitivamente. Quebrando a maldição, ela tem chance de permanecer apta a receber o amor de Ethan.

Dirigido de Richard LaGravanese (gostou de “P. S. Eu Te Amo”?, de 2007), “Dezesseis Luas” tem o foco juvenil feminino muito bem mirado no seu visor financeiro. Também adaptado de um best-seller – de Kami Garcia e Margaret Stohl -, o filme apesar de abafado pelo lenga-lenga de “Crepúsculo” tem ao menos um resultado geral mais interessante que o da saga.

LaGravanese tem a seu favor o trunfo do talento de Emma Thompson, deitando e rolando na maldade e soberba de sua bruxa, e Jeremy Irons (um pouco acima do tom); há ainda Viola Davis como uma luz para o jovem casal ao ajudá-los contra a maldição.

Outro trunfo é a simpatia da estreante Alice Englert, mais interessante do ponto de vista cênico que a insossa Kristen Stewart. Já o o galã mirim Ehrenreich é tão inexpressivo quanto os heróis do sexo masculino de seu filme referência. Mas isso não interessa aos futuros fãs do filme. A perspectiva deles é convicta em outros termos e ela definirá ou não se teremos um “Dezesseis Luas, parte 2”.

Interessante seria se os jovens espectadores soubessem que o drama da bruxinha Lena era motivo de piada há 50 anos, e exibia na TV. A telessérie chamava-se “A Feiticeira” (1964-1972), com Beth Montgomery casada Dick York, e recebeu uma versão cinematográfica ingrata em 2005 com Nicole Kidman e Will Ferrell.

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