Elena
Memória de Elena
Por Luiz Joaquim | 28.03.2013 (quinta-feira)
Quando exibido no 45º Festival de Brasília, ano passado, o documentário “Elena”, de Petra Costa, trouxe um tema pesado ao evento. Era, entretando, bem referendado por uma estética competente em significar o assunto. O filme é uma busca da diretora Petra pela irmã (cujo nome dá título ao doc.); irmã cerca de dez anos mais velha que a diretora.
Ainda adolescente, Elena vai a Nova Iorque com o sonho de se tornar atriz de cinema, e lá desenvolve uma depressão aguda. Os desdobramentos são fatais e Petra parece interessada menos nas causas e mais nos efeitos de tudo isso. É portanto um filme muito mais sobre a própria diretora e sua mãe, que sobre Elena propriamente.
Entremeado por um rico material filmado em vídeo caseiro, registrado pela família, Petra remonta a trajetória de vida da irmã até seu momento final nos EUA. O faz numa tentativa de desvendar o sentimento que levou Elena a fazer o que fez. Por colocar questões tão íntimas da família de forma tão abertas, “Elena”, o filme, divide opiniões.
Se por um lado a produção – que durou anos para ser realizada – soa como uma longa terapia em função do trauma de Petra pela perda abrupta e inexplicável da irmã, por outro agrada a alguns espectadores por levá-los a refletir sobre a fragilidade da vida e a necessidade de atentarmos para a ajuda de quem está ao nosso redor.
De qualquer maneira, a produção é extremamente caprichada, particularmente na composição plástica. Está arrebatadora. Há, à propósito, no mínimo uma sequência em específico que fica na memória. A de corpos boiando, sendo levados pela correnteza de um rio. Da forma como são mostrados, e em seu contexto, soa impactante e eloquente para falar do modo à deriva pelo qual estava a cinebiografada na sua pior fase nos EUA.
O filme saiu da competição entre documentários em Brasília com quatro troféus Candangos – melhor doc., melhor direção, direção de arte e montagem. Vale resgistrar uma curiosidade, a conexão deste novo doc. com a ficção “Memória de Helena”, clássico lindo e absoluto rodado por David Neves em 1969, pelo qual amigos relembram por filmes Super-8 a falecida amiga Helena (Rosa Maria Pena).
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