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Críticas

Os Croods:

Desafios duros como pedra

Por Luiz Joaquim | 22.03.2013 (sexta-feira)

Na salada de temas óbvios das animações infantis hollywoodianas, chega hoje aos cinemas o divertido, engraçado e tecnicamente arrebatador “Os Croods: Uma Aventura da Cavernas” (The Croods, EUA, 2013). “Óbvio” e “Arrebatador” podem ser conceitos antagônicos, se pensarmos numa avaliação. Para quem segue de olhos vendados os índices de qualificação apresentados num texto valorativo de um filme – do tipo estrelinhas, carinhas rindo, bonequinhos aplaudindo – “Os Croods” oferece aqui uma matémática difícil para chegar ao resultado desta injusta equação para uma nota.

Neste primeiro grande projeto como diretores que a dupla Kirk De Micco e Chris Sanders estão a frente, pela DreamWorks, a salada de temas óbvios se traduz num enredo que quer contemplar o conflito da adolescente que se rebela contra as ordens do pai tradicional; se traduz na ideia de que o medo não leva as pessoas adiante; se traduz na imagem da mulher moderna, que é emancipada; se traduz na figura do patriarca que de tão superprotetor não percebe que a liberdade também é necessaria à formação e à feliciade.

Nenhum problema (pelo contrário) com estes temas abordados para alertar as crianças sobre valores morais decentes. A questão (não um problema, uma questão) está mais uma vez na obviedade da abordagem. A sensação de Déjà vu incomoda. Não se pode, entretanto, contar evidentemente com essa sensação naqueles com um baixo repertório cinematográfico. Posto isto, “Os Croods” tem potencial para tornar-se um grande sucesso entre o público infantil.

Uma vez que a obviedade do tema não incomoda, é a beleza técnica (impressionante, vale repetir) que irá encher os olhos de todos espectadores independendo da idade. A audácia técnica do desenho 3D já aparece na sequência de ação de abertura, quando a família Croods, uma das poucas sobreviventes na dura vida da Idade da Pedra, tem de sair da caverna para conseguir comida.

A sequência mostra o pai Grug, a filha adolescente Eep, a esposa Ugga, o menino Thunk, a avó Gran e o bebê Sandy todos tentando roubar um ovo de um pássado gigante enquanto correm pela paisagem árida de um mundo que está prestes a afundar e formar a divisão tectônica de placas que formariam os continentes como conhecemos hoje. A fuga da família é espetaculosa não apenas pelas imagens que simulam um travelling de câmera virtuoso, como por colocar a caçada por um ovo tal qual um jogo de futebol americano.

A este grupo que faz tudo junto e representa a ideia de família a fundo, a ponto de todos dormirem empilhados para se aquecerem, junta-se Guy. Ele é um adolescente que domina o fogo e que sabe para onde ir e se proteger dos terremotos iminentes. Guy, com sua inteligência e modos mais, digamos, avançados que a da família bruta de Eep, faz com a jovem se apaixone pelo rapaz. O que provoca divertida tensão entre o jovem e Grug, o superprotetor pai da idade da pedra (Os Flinstones vêm à memória).

Diversas piadas envolvendo “o tempo das cavernas” apimentam o humor de “Os Croods”, que apresentam seus heróis como os selvagens que devem ser. Desde a bebê que soa e age com um cachorro, até as tiradas da vovó. “Bichos de estimação são animais que não comemos”, explica o moderno Guy para os Croods, e escuta da velhinha desdentada: “Chamamos a isso de crianças”.

A versão original do filme traz as vozes de Nicolas Cage para Grug, Emma Stone para Eep, Ryan Reynolds para Guy, e Catherine Keener para Ugga. Mas essa versão não deverá ser fácil de conferir no Recife.

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