17º Cine-PE (2013) – dia 3
Para (re)conhecer Mazzaropi
Por Luiz Joaquim | 23.04.2013 (terça-feira)
O penambucano que consome ou consumiu crítica cinematográficas pelo jornal, revista, TV, rádio ou internet nos últimos 34 anos certamente já passeou pelas palavras do paulista Celso Sabadin ao tentar compreender um filme. Espirituoso e sagaz no humor, o veterano crítico de cinema cruza amanhã (sessão às 21h15) uma nova fronteira ao lançar seu primeiro filme. Falamos do documentário “Mazzaropi”, longa-metragem em competição neste 17º Cine-PE: Festival do Audivisual, cuja primeira exibição pública no Brasil acontece aqui no Recife.
O filme, obviamente, resgata a história do cineasta Amácio Mazzaropi (1912-1981). Um cineasta que pode ser lembrado pelos seus 32 filmes, mas também como um empreendedor de sucesso ímpar na história do cinema brasileiro, como poderemos conferir na sessão de amanhã. A primeiríssima exibição de “Mazzarapi” aconteceu dia 8 de abril, em Lisboa, no 4º FESTin, mas Sabadin não pôde viajar para o evento. “Mas quem estave lá disse que o publico interagiu bem, sorrindo”, garante.
“Àqueles que acreditam que já conhecem bem o Mazza, eu convidaria para dar uma olhada no filme e talvez se surpreender. Para quem não o conhece, aí o filme é um prato cheio”, adianta o realizador. Sabadin lembra que nunca uma pessoa no Brasil, na figura de um único indivíduo, ganhou tanto dinheiro com cinema como o criador do nosso mais querido caipira. “O homem morreu milionário, e nunca recorreu nem a financiamentos estatais, nem a leis de incentivo à cultura”, conta.
É, à própósito, pela cultura caipira que Sabadin nos introduz nessa história vitoriosa do Mazzarapi ídolo do cinema, mas também um empresário da produção e distribuição cinematográfica. Contando com 26 depoimentos, que vão de amigos próximos, profissionais com quem ele trabalhou, Sabadin adianta que “Mazzaropi”, o filme, não é uma apologia ao seu objeto. “Tentamos entrevistar o máximo de gente possível e abrimos para os caras falarem da forma que quisessem. Há quem elogia, quem diga que ele era generoso, quem diga que ele foi mesquinho, que podia ter feito mais pelo cinema nacional. A conclusão é que não existe um único Mazza, mas sim várias facetas dele”, pondera.
Sabadin reviu todos os 32 filmes de seu cinebiografado e, com a ajuda fundamental do produtor Paulo Duarte, apresenta em seu longa cerca de 80% de imagens desta filmografia. A ideia de transformar a vida de Mazzaropi num filme surgiu na vida do crítico em 2009, quando Sabadin trabalhou com Moracy do Val pelo filme “O Menino da Porteira”, de Jeremias Moreira.
Moracy queria uma ficção, Celso ponderou sobre os custos por ser um filme de época, e que poderia não ficar pronto até 2012/2013 (ano do centenário de Mazza). Foi aí que ele propós um documentário. Moracy não concordava com a ideia do documentário mas o liberou para tocar o projeto. Celso associou-se a Edu Felistoque e Paulo Duarte e seguiu adiante. “O modo como as coisas aconteceram foram tão incríveis que às vezes nem eu acredito onde chegamos”, comemora.
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