17o Cine-PE (2013) – noite 2 (i)
Talento de Marieta Severo brilhou
Por Luiz Joaquim | 29.04.2013 (segunda-feira)
É só pensar na quantidade de pessoas que se interessam por cinema, por automóveis, que gostam das músicas do Barão Vermelho e Nando Reis para ter um ideia da movimentação no último sábado em torno do Centro de Convenções. Isto porque o mesmo espaço abrigou naquela noite, além do 17o Cine-PE: Festival do Audiovisual, os shows daqueles músicos e o salão de automóveis Nordeste Motorshow.
Não foi fácil, portanto, ter acesso ao Cecon para conferir a programação da mostra de cinema e a homenagem que o evento prestou a atriz Marieta Severo – que dispensa apresentações pelo talento e pelas dezenas de filmes, peças e telenovelas em que atuou. Por isso mesmo, apesar do auditório pouco expressivo em termos de ocupação (para o padrão Cine-PE), a recepção da platéia não aconteceu no diminutivo.
Marieta foi aplaudia de pé e agradeceu recebendo o troféu da colega Natália Timberg, com a qual contracenou pela primeira vez quando debutou no cinema. “Ela era a minha mãe”, lembrou. O filme era “Society em Baby-doll” (1965), de Waldemar Lima e Luiz Carlos Maciel.
48 anos depois, ambas voltam a interpretar o mesmo parentesco no cinema. Falamos agora de “Vendo ou Alugo”, terceiro longa de Betse de Paula (filha do cineasta Zelito Viana, irmã do ator Marcos Palmeira) após um hiato de mais de uma década de “Celeste e Estrela”, exibido no festival do Recife, em 2003.
A coincidencia não termina aí. Se no filme dos anos 1960 as protaginistas eram duas mulheres que sairam do subúrbio carioca e passaram a circular com dificuldade pelo alta sociedade da Guanabara após casar com homens ricos, no novo “Vendo ou Alugo”, as protagonistas – quatro mulheres – estão por conta própria lutam com unhas e dentes para manter-se na mesma alta sociedade.
No caso, temos a embaixatriz Maria Eudóxia (Timberg), sua filha Maria Alice (Severo), a neta Baby (Silvia Buarque) e a bisneta Madu (Bia Morgana). É uma família feminina decandente , morando num maltratado casarão há mais de 50 anos, remetendo em certa medida ao documentário “Greys Gardens”, de Albert e David Maysles (1975).
A diferença é que o tom no filme brasileiro é o da comédia. Quase um pastelão. Afundada em dívidas, a família vive sob a ameaça de perder a casa em leilão. Para se sustentar Maria Alice faz seus bicos, ora comercializando docinhos eróticos, ora traduzindo manual de armas contrabandeadas pelos marginais da favela instalada logo atrás da mansão.
A trama vai definindo seus contornos quando surge um belga (Nicola Lama) com o interesse de comprar o imóvel e transformá-lo num albergue temático, pelo qual a exotismo está na proximidade com a pobreza e a violência dos morros. Na disputa pela casa aparece um trambiqueiro pastor religioso (Andre Mattos).
Com 89 minutos de duração, “Vendo ou Alugo” parece durar mais. O roteiro foi escrito pelas dez mãos de Betse, Maria Lúcia Dahl, Mariza Leão, Adriana Falcão, Júlia de Abreu, Adriana Falcão, e as duas do homem do grupo, José Roberto Torero. No enredo, a dinâmica é grande, e da mesma forma que seus diálogos ligeiros envolvem rapidamente o espectador, também os cansam. Crédito para o grupo feminino no protagonismo, em muito boa harmonia na composição da família maluca.
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