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Festivais

17o Cine-PE (2013) – noite 2 (ii)

Orgulho de ser brasileiro em questão

Por Luiz Joaquim | 29.04.2013 (segunda-feira)

Por um curioso e contrastante laço temático, os dois longas-metragens apresentados na noite de sábado no Cine-PE se relacionavam. Enquanto o piadístico “Vendo ou Alugo” queria fazer rir satirizando uma família decadente, tendo como pano de um fundo uma quase guerra civil carioca, o interessante documentário “Orgulho de Ser Brasileiro” (exibido mais cedo) relativizada esse sentimento a partir de seu titulo, transformado-o em pergunta a uma diversidade de pensadores ou influentes brasileiros.

Um dos méritos no trabalho do diretor Adalberto Piotto está exatamente nesta diversidade de perspectivas que buscou para problematizar, e não dar uma resposta, se realmente vale ter orgulho em ser brasileiro. O empresário enófilo Didú Russo, por que exemplo, questiona de primeira a opção pelo orgulho, uma vez que ela pode gerar conflitos e guerras.

Sendo que a cultura da herança mansa do brasileiro pode ser tanto benéfica quanto problemática. “O que aconteceria se 150 milhões de brasileiros decidissem se rebelar?”, questiona o jornalista e empresário Carlos Borges.

Outro atraente no filme está na defesa (ora brilhante, ora nem tanto) dos entrevistados sobre as contradições e na necessidade de vencer pela esperteza de nosso povo. Quando conversa com o presidente (1995-2002) Fernando Henrique Cardoso, Piotto pergunta se as mesmas pessoas que lutam por cotas étnicas nas universidades prestam atenção na formação de seu filho no ensino fundamental.

Piotto aproveita e faz aqui uma edição interessante, dando o contraponto da periferia, na voz de ativista paulista Ferréz dizendo que 95% da cota em questões deveriam ser para os negros e 5% para os brancos. Logo em seguida, temos Borges dizendo que este é um discurso do passado, e anacrônico, do partido comunista.

Passando por assuntos como saúde (Dib Jatene), ética (o filósofo Roberto Romano), religião (o bispo Dom Angélico Sândalo), ciência (a geneticista Mayana Zazt) arte (Gerald Thomas, Romero Brito, Max de Castro e Simoninha), o filme chega ao futebol e pela voz de Parreira parece identificar o esporte como o único real motivo que liga todos os brasileiros em comunhão e com orgulho.

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