Chamada de Emergência
Sequestro, maníaco: emergência
Por Luiz Joaquim | 12.04.2013 (sexta-feira)
Há 15 anos, o diretor Brad Anderson surgiu para o mundo no festival Sundance com o simpático “Próxima Parada Wonderland”. Seis anos depois ele mostrou que não estava para brincadeira com o ótimo “O Operário”, apresentando um esquelético Christian Bale. Hoje volta às telas com seu nono filme – “Chamada de Emergência” (The Call, EUA, 2013) – pelo qual se arrisca no gênero do thriller e seu resultado é magnético.
Para um diretor que experimenta as possibilidades do cinema, entrar no universo de um gênero específico e sair ileso de lá é para poucos. Isto porque, uma vez que seus códigos são muito óbvios e, sem ter como evitá-los, o clichê vem quase como certo.
Para o filme de investigação policial, que já rendeu diversos clássicos, inclusive na TV (vide a série “CSI”), fugir do evidente é cada vez mais raro. Contar, primeiro, com um bom roteiro, depois com uma direção econômica, e ainda com uma montagem segura, oferece boas possibilidades de êxito.
É o caso de “Chamada de Emergência”, pelo qual o roteiro de Richard D`Ovidio nos apresenta mais e mais situações de falsa esperança, alimentando (e frustrando) a cada dez minutos o ânimo e interesse do espectador pelo que vai lhe sendo apresentado.
É também empolgante como o filme nos mostra os bastidores de uma ação de resgate policial, num trabalho em conjunto entre o serviço de chamada de emergência norte-americano (o “911”) e a ronda na rua.
No enredo, Halle Barrey (que aqui não compromete o filme) é Jordan, uma experiente atendente do serviço 911 que é afastada do trabalho por um trauma sofrido. Ela não conseguiu evitar a morte brutal de uma garota que lhe ligou pedindo socorro. Tempos depois, Jorda casualmente atende uma outra jovem que foi sequestrada e seu destino parece ser a morte.
Trancada e apavorada na mala de um carro em movimento, a jovem Casey (Abigail Breslin) vai, por celular, dando parcas informações a Jordan, que faz de tudo para localizá-la ao mesmo tempo em que luta contra o próprio trauma.
Num crescente de situações medonhas, onde o mal sempre parece realmente vencer, o filme também vai evoluindo inclusive pelo laço que começa a amarrar Jordan e Casey. Contribui ainda a performance de Michael Eklund como o perturbados seqüestrador.
Ao final, o que poderia ser um risco em “Chamada de Emergência” é transformado num gol por Anderson. Amarrado com situações que lembram diversos filmes do gênero – “O Silêncio dos Inocentes”, “Seven”, “Celular: Um Grito de Socorro” e até “Um Tiro na Noite”, de Brian de Palma –, a produção ainda termina com um final sóbrio, mas que brinca com a própria seriedade de toda sua extensão.
Mesmo pecando por um ou dois furos no roteiro, que não chegam a comprometer, o filme é vitorioso, particularmente porque esquecemos que é tudo de mentirinha.
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