Oblivion
O vaidoso guardião da humanidade
Por Luiz Joaquim | 12.04.2013 (sexta-feira)
O ingênuo “Oblivion” (EUA, 2013) invade, a partir de hoje, as telas de cinema no Brasil. Centenas delas. Dirigido por Joseph Kosinski – o mesmo que debutou em 2010 cometendo o chato “Tron: O Legado” -, o filme nasce do homônio livro ilustrado cujo conceito foi do próprio Kosinski.
A primeira observação em “Oblivion”, o filme, é a direção de arte e seu desenho visual. Em ficções científicas estas questões técnicas podem elevar ou afundar o filme. No caso da superprodução estrelada por Tom Cruise o resultado é exitôso. A trama situa-se em 2077, cerca de 60 anos após nossa lua ter sido atiginda por invasores.
O escangalhamento do natural satélite terrestre esculhamba o equilíbrio da natureza na Terra. Os humanos vencem a batalha contra os invasores, mas o mundo vira um grande deserto provocado por todo o tipo de catastrofe natural. Neste cenário dois guardiões, Jack (Cruise) e Victória (Andrea Riseborough), tomam conta várias torres gigantescas que sugam o que restou de água no mundo para transformá-la em energia nuclear. O trabalho está quase terminado e o objetivo é acumular o máximo de energia para alimentar uma colônia em Titã (satélite de Saturno).
Com essa premissa, a direção de arte (e efeitos digitais) pode brincar à vontade com o desenho para compor cenários que abriguem essa realidade. E aqui eles brincam bem. É sempre divertido visualizar Nova Iorque (ou qualquer outro ícone turístico do mundo) pós-apocalipse. É igualmente curioso ver um figurino futurista, ou ainda uma tecnologia que não compreendemos hoje.
Destaque também para os “sons inventados” para máquinas que não existem. Aqui a grande vedete são os Drones. Grandes esferas bélicas que voam e devastam alguns intrusos que ainda vivem na Terra. O som criado para ser emitido por tal arma empresta uma “personalidade” própria a este objeto, assim como seu visual “malvado”.
A segunda observação em “Oblivion” é o aspecto “concha de retalhes” do roteiro. E aí mora o problema. O novo filme faz o espectador lembrar o tempo todo não de um, mas de diversos filmes de ficção científica de forma despudorada. Referências a filmes anteriores não seria problema se o novo filme trouxesse uma personalidade forte e não raquítica como a que vemos em “Oblivion”.
De “Vampiros de Almas” (1956), passando por “O Planeta dos Macacos” (1968), “A Última Esperança da Terra” (1971), “Mad Max” (1979), “Matrix” (1999), a animação “Wall-E” (2008) e “Lunar” (2009), tudo parece chupado por “Oblivion” e depois rearrumado para tentar fazer sentido.
Tom Cruise faz o que lhe cabe. Economiza nos exageros, mas inclui o aparentemente obrigatório momento “olha como seu bonito” nos filmes em que mete a mão na produção. A sequência na piscina é a prova, destoando de todo o ritmo do filme. Ainda no elenco Morgan Freeman e a exótica Olga Kurylenko.
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