17º Cine-PE (2013) – dia 6 (curtas)
Histórias curtas e distintas
Por Luiz Joaquim | 01.05.2013 (quarta-feira)
O último dia da mostra competitiva deste 17º Cine-PE: Festival do Audiovisal reserva a exibição (sessão a partir das 20h) de três curtas-metragens tão distintos quanto curiososos. Entre eles está o pernambucano “Urânio Picuí”, de Tiago Melo e Antônio Carrilho. Dinânico na narrativa, no som e na composição visual, o documentário apresenta Picuí, no Sertão do Seridó, especificamente na cidade de Picuí, Paraíba, fronteira com o Rio Grande do Norte.
O assunto aqui é a comprovada presença de minerais radioativos no local. A obra reconta as origens dessa radioatividade remetendo à época da 2a. Guerra Mundial, quando norte-americanos chegaram no local e extraíram minérios em grande escala. Nesse contexto, o filme segue relembrando e ilustrando causos que misturam história e a simpática memória popular.
Antes de “Urânio Picuí” – que passa no segundo bloco da noite, colado ao longa-metragem “Aos Ventos que Virão”, de Hermano Penna – são exibidos os curtas paulista, de fição “A Galinha Que Burlou o Sistema”, de Quico Meirelles; e “Colinas Como Elefantes Brancos”, de Melissa Gava. Este último é, na verdade, uma co-produção Brasil-Itália.
O enredo nos situa no país europeu, em alguma cidade limítrofe italiana, mas especificamente numa estação de trem. É o ponto de partida, ou chegada, simbólico para um casal (com a mulher interpretada pela própria diretora Melissa Gava). No contexto, um diálogo – falado em italiano, legendado em português – que num jogo de palavras revela e esconde detalhes do conflito do casal.
E é exatamente por isso que “Colinas Como Elefantes Brancos” chama atenção. Por conseguir dar a dimensão de uma tensão pré-existente e também latente, prestes a explodir. Nesse contexto, o filme lembra outro curta – “Décimo Segundo”, de Leonardo Lacca. Este outro funciona na mesma escala de tensão, a do amor mal resolvido, mas num outro modo estético. Enquanto o filme de Lacca quer a eloquência da imagem, Melissa burila a palavra.
Quem abre a noite é Quico Meirelles (filho do Fernando). Em “A Galinha que Burlou o Sistema”, temos um filme que salta aos olhos primeiro pela estrutura endinheirada da produção da O2 – o que não é um mérito nem desmérito – mas, rapidinho, o filme vai impondo sua qualidade, em particular pela técnica. Nos apresenta a trajetória de uma galinha, desde de seu nascimento num granja industrial. Em crise existência, ela a única que se angustia com a vida sem sentido, e deseja algo alem do traçado pelo seu destino. Deve agradar bastante o público do Cine-PE.
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