Cine Cult (Dentro de Casa)
Cine Cult no Recife
Por Luiz Joaquim | 07.05.2013 (terça-feira)
Em 1995 o Recife ainda não possuía um multiplex. O primeiro, da UCI/Ribeiro, surgiu em 1998 no Shopping Center Recife. Mas, antes disso, em 1995, o Severiano Ribeiro já promovia o que batizou de Sessão de Arte. Era um circuito nordestino para, digamos, filmes “alternativo”. Com poucas salas locais dedicadas às obras assim até 1998, o circuito servia como alívio para a praça recifense ter a possibilidade de assistir títulos como “Rainha Margot” – filme rodado por Patrice Chéreau em 1994, mas que só chegou no Recife no ano seguinte, pela Sessão de Arte. Três sessões aconteciam por semana. Hoje a “Sessão de Arte” cresceu em quantidade de sessões e na velocidade com quem tras os filmes a cidade. Hoje (07/05) também ele ganha um concorrente direto e de igual perfil: É o circuito “Cine Cult”, que inicia às 22h05 de hoje no Cinemark RioMar – sessão também na quinta-feira.
O Cine Cult inaugura bem. Traz “Dentro de Casa” (Dans la Maison, Fra., 2012) filme que estreou no Sudeste há duas semanas. Aplicando os mesmo valores da bilheteria do complexo (nestes dias e horário: R$ 17,00 e R$ 8,50), o circuito é exclusivo da rede Cinemark, mas tem uma curadoria especializada, feita pelo programador Roberto Nunes. Apesar de só chegar por aqui agora, em função na inauguração do Cinemark, o Cine Cult existe desde 1991. Circula hoje em 29 complexos de 19 salas do País.
“Hoje o Recife tem salas lançadoras, mas queremos oferecer mais uma possibiliade ao público. Faremos sessões à noite neste dias com o horário em função da duração do filme e da disponibiliade do complexo”, explicou Roberto.
DENTRO DE CASA – Em função dos 18 anos da Sessão de Arte do UCI/Kinoplex, dos 15 do Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, e dos sete da sala Fernando Spencer no Cine Rosa e Silva, o cineasta François Ozon já não e mais nenhum desconhecido do público local. Pelo contrário. Suas obras viraram hits aqui. São exemplos “Potiche: Esposa Troféu”, “Ricky”, “Angel”, “O Tempo que Resta”, “O Amor em 5 Tempos”, “Swimming Pool: À Beira da Piscina”, “8 Mulheres”, “Sob a Areia”, “Sitcom” (o primeiro exibido aqui, em 1998).
“Dentro de Casa” não deve fazer diferente. Ozon, a cada novo filme, parece querer desafiar a si próprio, seja pela narrativa, seja pelo tema, ou abordagem. Aqui ele questiona a própria estrutura da narrativa literária e cinematográfica, além de nossa capacidade de recebê-la. O mote acontece pela performance do adolescente de 16 anos, Claude (Ernst Umhauer), em sua escola.
Numa redação sobre o fim de semana, Claude chama a atenção do professor Germain (Fabrici Luchini) que anda em crise com a profissão, se deparando cada vez mais com a crescente estupidez limitadora de seus alunos. A própria esposa e seus valores (a inglesa Kristin Scott Thomas, à vontade) também vem intrigando Germain, na medida em que precisa desesperadamente agradar as gêmeas da galeria onde trabalha.
Eis que por Claude, Germain readquiri o prazer pela profissão, e aí inicia um jogo de sedução e poder entre aluno e professor, e vice-versa. Ozon vai dosando a tensão na narrativa a ponto de nos deixar em dúvida sobre as intenções do aluno e em sua franqueza. Neste trabalho pela qual os valores morais são postos em xeque o tempo todo, o único senão é seu desfecho, nos remetendo ao thriller que “Dentro de Casa” parece querer ser e não é – e nem precisa.
SERVIÇO
Cine Cult
Cinemark RioMar, Pina
terça e quinta-feira às 22h05
R$ 17,00 e R$ 8,50 (meia).
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