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Críticas

Giovanni Improtta

O poderoso chefinho

Por Luiz Joaquim | 17.05.2013 (sexta-feira)

Curioso como alguns empresários do cinema no Brasil acreditam cegamente no milagre da empatia imediata do telespectador globeleza por qualquer produto televisivo que vá ser transportado para o cinema. Alguns produtos, como “Giovanni Improtta” (Bra., 2013), que estreia hoje no Brasil, são a prova dessa fé empresarial, quase suicida.

“Giovanni Improtta”, filme dirigido e protagonizado por José Wilker, parece ser o exemplo perfeito do produto que não respeita o espectador cinematográfico em nenhum aspecto que isso possa significar. Adaptado do livro “Prendam Giovanni Improtta”, de Aguinaldo Silva – cujo protagonista foi vivido por Wilker na telenovela “Senhora do Destino” em 2004 – o filme aposta num suposto charme do ficticio contraventor carioca. Um bicheiro que quer passar para o ramo “sério”, administrando cassinos.

Seja pelas primárias opções de montagem – com diversos plano versus contraplano; excesso de closes -, seja pela direção preguiçosa, seja pelo roteiro esburacado e, o pior, pela total falta de simpatia do anti-herói Improtta, o filme, em nenhum momento parece engatar.

Wilker não apenas desperdiça seu personagem, mas todo o universo criado por Silva cujo terreno é fértil para criticar a sociedade carioca. A própria figura de Improtta seria um prato cheio para um ótimo ator. Ele é como um filhote do Odorico Paraguaçu, de Dias Gomes, cuja performance de Paulo Gracindo na novela “O Bem Amado” em 1973 nos deu a possibilidade não apenas de simpatizar com um cafajeste, mas de entendê-lo.

O Improtta de Wilker sugere muito mais piedade de que simpatia ou compreensão. Dividido entre o estilo do novo rico pateta que fala errado, e o estilo de um chefão do crime que passa por cima de todos, seus exageros explícitos e estereotipados não fazem rir com ele, nem rir dele. Simplesmente não fazem rir. Há uma buraco enorme no timing, no tempo do riso que não funciona no filme.

Sua principal chave de humor aqui, errando palavras, como o seu bordão “felomenal”, soa patética. Como uma piada infantil, com a qual meninos de seis anos podem se identificar no momento em que o palhaço faz graça similar numa festa de criança. E tratar o público cinematográfico como criança nem é necessariamente um problema. Triste é tratá-lo como uma criança burra.

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