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Críticas

Reino Escondido

A micro-guerra da natureza

Por Luiz Joaquim | 17.05.2013 (sexta-feira)

O estúdio de animação Blue Sky, o mesmo de “A Era do Gelo” e “Rio”, se esforçou no novo projeto, chamado “Reino Escondido” (Epic, EUA, 2013), que estreia hoje. Mas o resultado é irregular. Não pela beleza plástica, que encanta os olhos com a habitual competência tecnológica, mas pelo enredo enfadonho e reiterativo que se arrasta até sua primeira metade, quando então ganha uma oxigenada plástica..

A história não é complexa mas, ao querer soar assim, distrái do foco, podendo torna-se um programa enfadonho aos espectadores com pouco mais de um metro de altura, habitualmente fáceis de se entediar. O discurso aqui é explicitamente ecológico e é nesta opção que a produção guarda seu melhor – pelo visual – e o seu mais frágil – com uma fábula sobre a batalha dos micro-guerreiros homens-folha contra os Boggans do tal reino escondido.

A história veio do conto infantil The Leaf Men and The Brave Good Bugs (O Homem-folha e os bravos insetos do bem), de William Joyce. O resultado visto na tela, com uma beleza exuberante por detalhar minúcias da natureza numa densa floresta, no qual flores, folhas e animais ganham vida, faz imaginar o quanto o universo infantil de Monteiro Lobato poderia render na mãos de técnicos da animação industrial hollywoodiana.

Antes de chegar ao mundo dos minúsculos, conhecemos o aloprado professor Bomba (voz de Murilo Benício) que vive na floresta e recebe sua adolescente filha Maria Catarina (ou apenas MC, como ela gosta de ser chamada). Recém-órfã da mãe, ela terá de aprender a conviver no meio de uma floresta com o pai que dedicou toda a vida para provar a existência do mini-seres.

Acontece que um acidente coloca MC diante da rainha da floresta que, antes de morrer, deixa MC com a missão de levar um botão de rosa que irá salvar a natureza do ressecamento provocado por Mandrake, o lider dos Boggans. Para isso ela vai contar com bravos homens-folhas como Ronin (voz de Danel Boaventura).

Afora o explício apelo ecológico, não há nada de tão diferente de outros filmes infantis. Dois mundos diferentes se conetam; a heroína ainda não se entende heroína até enfrentar o desafio; há o guerreiro, o vilão e o galã que terá de se esforçar para conquistar a moça (mas não muito); há ainda a relação pai e filha, que precisa de um prova para ser resgatada. Mas nada disso parece sugerir uma situação de urgência que possa magnetizar a garotada. Exceto, repetimos, pela beleza visual na tela como, por exemplo, o passeio romântico na garupa de um alce.

Certamente para os norte-americanos ver “Reino Escondido” deve ser mais divertido pela dublagem com vozes familiares – uma coisa levada bem à sério por lá por eles entenderem que vozes famosas atraem adultos. No áudio original, MC ganha a voz de Amanda Seyfried, o herói Ronin é Colin Farrell a rainha da floresta é Beyoncé, o vilão Mandrake é Christoph Waltz e o gordo Nim Galuu é Steven Tyler.

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